Fiocruz: distribuição de vacina pode ser um dia após desembarque e vacinação começar em cinco dias

Projeção é da presidente da entidade. Nesta sexta-feira (8), Fiocruz pediu autorização para uso emergencial do imunizante

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) prevê que as vacinas AstraZeneca/Oxford importadas da Índia poderão ser distribuídas no dia seguinte ao desembarque no Brasil. Em nota divulgada nesta sexta-feira (8), a fundação informou que a chegada das doses será no aeroporto internacional do Rio de Janeiro (RIOGaleão), em data a ser confirmada.

"As vacinas prontas chegarão pelo aeroporto RIOGaleão, no Rio de Janeiro, e seguirão, no mesmo dia, para a Fiocruz para rotulagem. No dia seguinte, a partir de Bio-Manguinhos, na Fiocruz, as vacinas poderão seguir diretamente para a distribuição, que está sob responsabilidade do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19. A data certa para a chegada dessas vacinas será confirmada em breve", informou a Fiocruz em nota.

Em entrevista à GloboNews, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, projetou que o início da vacinação seja cinco dias após o desembarque.

A importação das doses produzidas pelo Instituto Serum, parceiro da AstraZeneca na Índia, é uma estratégia adicional da Fiocruz para antecipar o início da vacinação. 

Para que as vacinas importadas da Índia possam ser aplicadas antes do registro definitivo do imunizante no País, a Fiocruz pediu a autorização para uso emergencial à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A fundação continua a trabalhar para o registro definitivo, cujo pedido deve ser concluído em 15 de janeiro.

Na nota divulgada pela Fiocruz, Nísia Trindade Lima comemora o pedido de uso emergencial como um passo importante no enfrentamento da pandemia. 

“Este é um momento histórico para a Fiocruz. A submissão desse pedido de autorização para uso emergencial da nossa vacina Covid-19, desenvolvida em parceria com a unidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca, é um passo importante para que possamos ter acessível, no Programa Nacional de Imunizações (PNI), uma vacina eficaz e segura para o Sistema Único de Saúde. Num momento de tantas dificuldades, em que lamentamos a perda de tantas vidas no Brasil e no mundo, 2021 se inicia com a esperança de termos um caminho, ainda a ser trilhado, de superação dessa crise".

A meta da Anvisa é concluir a análise do pedido de uso emergencial em 10 dias. Caso a agência solicite informações adicionais aos desenvolvedores da vacina, o prazo para de ser contado até que os dados sejam informados.

Em entrevista nesta quinta-feira (7), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, estimou que, caso a autorização seja concedida a tempo, a vacinação pode começar em 20 de janeiro, com as vacinas AstraZeneca/Oxford e Coronavac.

Segundo a Fiocruz, a vacina desenvolvida em parceria com os britânicos tem 73% de eficácia com apenas uma dose, e evita hospitalizações em 100% dos casos, protegendo a pessoa vacinada dos sintomas graves da doença. Além disso, a vacina é capaz de induzir a produção de anticorpos em 98% das pessoas após a primeira dose e, em 99% delas, após a segunda dose.

Milhões de doses

O acordo de transferência de tecnologia que permite a produção da vacina AstraZeneca/Oxford na Fiocruz prevê que a fundação receberá em meados deste mês o ingrediente farmacêutico ativo importado para produzir as primeiras doses. 

O primeiro lote de um milhão de doses deve ser entregue ao Ministério da Saúde até 12 de fevereiro, mês em que a produção deve ganhar escala, e a entrega deve chegar a 700 mil doses por dia por volta do dia 22. Com o incremento da produção, a Fiocruz prevê produzir 50 milhões de doses da vacina até abril e 100,4 milhões até julho. 

A partir do segundo semestre, a produção se tornará totalmente nacional, com a incorporação da tecnologia para produzir o IFA no Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos). Com isso, a previsão é que, até o final do ano, mais 110 milhões de doses sejam entregues ao Programa Nacional de Imunizações.