Advogada usa suposta carta psicografada de vítima da Boate Kiss para defender músico

Na suposta mensagem, Guilherme Gonçalves isenta os responsáveis pela tragédia, afirmando que eles "também têm famílias"

O julgamento do caso da Boate Kiss nesta quinta-feira (9) foi marcado por uma defesa inusitada. A advogada Tatiana Borsa, representante do músico Marcelo de Jesus dos Santos, usou uma suposta carta psicografada de uma vítima da tragédia para defender seu cliente.
 

O vocalista teria sido responsável por acender o artefato pirotécnico dentro da boate, o que mais tarde causou o incêndio. Tatiana reproduziu um áudio que seria a leitura de uma mensagem psicografada de Guilherme Pontes Gonçalves, um dos 242 jovens mortos. 

No texto, Guilherme isenta os responsáveis pela tragédia, afirmando que eles "também têm famílias": "Ao invés de gastar nosso pensamento procurando por culpados, vamos nos unir em oração".

Alguns parentes de vítimas presentes no julgamento, que chegou ao nono dia, deixaram  sala no momento da suposta carta psicografada.

“Procurem aceitar as determinações divinas. Eu também lamento tudo que ocorreu, mas só me resta me readaptar à realidade”, diria a mensagem.

Carta 

A advogada contou que a psicografia foi recebida em 2013 pelo Centro Espírita Irmã Valquíria, localizado em Uberaba (MG), seis meses após a tragédia.

"A ficha ainda não caiu por completo, e o mês de janeiro ainda está vivo em minha memória. Estamos lutando tanto. Não está sendo fácil viver sem tantos afetos que deixamos. Até hoje estão procurando uma justificativa para a tragédia que me vitimou, que fez não só o Brasil chorar, como muitos pais"

Boate Kiss 

Ao todo, o incêndio na boate Kiss deixou 636 feridos e 242 mortos na noite do dia 27 de janeiro de 2013, em Santa Maria (RS).

Os réus do caso são: Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, sócios da boate Kiss; Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da Banda Gurizada Fandangueira, e Luciano Bonilha Leão, produtor musical.