Acusados de matar Marielle podem fazer delação premiada, diz governador do Rio

O governador classificou o caso como um "crime bárbaro", agravado pelo fato da vereadora ter sido assassinada enquanto exercia o mandato

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e representantes da Polícia Civil apresentaram nesta terça-feira (12) detalhes sobre as investigações que resultaram na prisão do PM Ronie Lessa e do ex-PM Elcio Vieira de Queiroz, suspeitos de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes. Witzel destacou que as investigações ainda podem avançar, no sentido de identificar os mandantes do crime, e que os suspeitos presos nesta terça poderão fazer delação premiada.

"Uma segunda fase da investigação poderá vir a ocorrer. Primeiro, falei para [a polícia] encerrar com o que tem. A Lava-Jato nos ensinou que investigação deve ser fragmentada. Quem foi preso hoje pode certamente pensar numa delação premiada", disse o governador.

O governador classificou o caso como um "crime bárbaro", agravado pelo fato da vereadora ter sido assassinada enquanto exercia o mandato. 

O delegado titular da Delegacia de Homicídios, Giniton Lages, classificou o crime como "muito complexo" e que várias linhas de investigação foram utilizadas para chegar aos autores.

Segundo o delegado, o inquérito conta com 29 volumes, que somam 5.700 páginas, sendo 16 volumes de conteúdo sigiloso. Nas investigações, 230 pessoas foram ouvidas, além da realização de perícias, do monitoramento de 33.329 linhas telefônicas e da análise de 670/533 gigabytes de dados telemáticos.

Repercussão

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) disse em sua conta um uma rede social que as prisões dos executores de Marielle e Anderson são importantes e tardias. "É inaceitável que se demore um ano para termos alguma resposta. É um passo decisivo para as investigações, mas o caso não está resolvido. É fundamental saber quem mandou matar e qual a motivação", disse Freixo.

"Quem matou Marielle e Anderson não foi apenas a pessoa que apertou o gatilho. Quem matou foi quem planejou e contratou a sua morte. Foi quem, politicamente, desejou eliminar Marielle. Precisamos saber quem foi e qual foi a sua motivaçãp. A execução de Marielle não é mais importante porque ela é de esquerda ou porque era do PSOL. A questão é que há um grupo político no Rio de Janeiro, em pleno século XXI, capaz de matar como forma de fazer política. Isso é inaceitável", alerta o deputado. 

Entenda o caso

Ronie Lessa, policial militar reformado, e Elcio Vieira de Queiroz, expulso da Polícia Militar, foram denunciados por homicídio qualificado da vereadora e do motorista e por tentativa de homicídio de Fernanda Chaves, uma das assessoras de Marielle que também estava no carro emboscado.

Lessa mora no mesmo condomínio em que o presidente Jair Bolsonaro tem uma casa, na Barra da Tijuca, Zon oeste no Rio. Nas redes sociais, Queiroz é simpatizante do presidente Bolsonaro. Ele curte as páginas oficiais do PSL Carioca, de Flávio Bolsonaro e de Eduardo Bolsonaro

A prisão é resultado de uma operação conjunta do Ministério Público, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e da Polícia Civil do Rio de Janeiro.