Venezuela fecha espaço aéreo para voos da Argentina em represália por 'roubo' de avião

O anúncio foi feito pelo país nessa terça-feira (12)

A Venezuela informou, nessa terça-feira (12), que fechou seu espaço aéreo para aeronaves que tenham como origem ou destino a Argentina, em represália à apreensão de um avião de carga que foi entregue às autoridades americanas.

"A Venezuela exerce plena soberania em seu espaço aéreo e reitera que nenhuma aeronave que provenha ou se dirija à Argentina poderá sobrevoar nosso território, até que nossa empresa seja devidamente compensada pelos danos causados", escreveu o ministro das Relações Exteriores venezuelano, Yván Gil, na rede X, antigo Twitter.

O chanceler respondeu à condenação que o governo argentino fez mais cedo sobre essa medida. 

"A República Argentina empreendeu ações diplomáticas contra o governo da Venezuela, o governo liderado pelo ditador [Nicolás] Maduro, após sua decisão de impedir o uso do espaço aéreo naquele país por qualquer aeronave argentina", declarou o porta-voz da Presidência, Manuel Adorni, sem especificar detalhes.

"A Argentina não se deixará ser extorquida pelos amigos do terrorismo", acrescentou.

Em 12 de fevereiro, os Estados Unidos concluíram a apreensão do Boeing 747 de carga da Emtrasur, filial da companhia aérea estatal venezuelana Conviasa, sancionada por Washington. 

A aeronave, que estava retida em Buenos Aires desde junho de 2022 por uma ordem judicial, foi vendida à Venezuela pela também sancionada linha aérea iraniana Mahan Air.

Sequestro de avião

O avião foi sequestrado pelas autoridades quando chegou do México com um carregamento de peças automotivas. A tripulação — composta por 14 venezuelanos e cinco iranianos — foi detida e posteriormente liberada.

Um juiz autorizou o confisco do avião por parte dos Estados Unidos, que se concretizou em fevereiro entre denúncias de "roubo" por parte de Caracas. Maduro denunciou dias depois o "desmantelamento" da aeronave.

"O governo neonazista da Argentina, não é apenas submisso e obediente a seu amo imperial", assinalou Gil nesta terça-feira. "O senhor Manuel Adorni pretende desconhecer as consequências de seus atos de pirataria e roubo contra a Venezuela, que foram advertidas em diversas ocasiões antes do ato delitivo cometido contra a Emtrasur." 

As relações entre Venezuela e Argentina caíram vertiginosamente após a chegada do presidente Javier Milei ao poder, com quem Nicolás Maduro troca insultos com frequência.