Tempestade de alta intensidade afeta mais de 240 milhões de pessoas nos Estados Unidos

Pessoas morreram em rodovias e milhares de voos foram cancelados

Uma tempestade de inverno de alta intensidade atingiu os Estados Unidos nesta sexta-feira (23), provocando o fechamento de estradas e aeroportos em grande parte do país próximo ao Natal. O Serviço Nacional de Meteorologia (NWS) prevê nevascas e inundações durante todo o fim de semana

Vários estados declararam situação de emergência, como Nova York, Oklahoma, Kentucky, Geórgia e Carolina do Norte. Há registro de mortes em estradas.

As condições são bastante perigosas para a circulação, segundo as autoridades. O Serviço Nacional de Meteorologia (NWS) aponta que mais de 240 milhões de pessoas - mais de 70% da população estadunidense - são afetadas por alertas meteorológicos. 

O governador do Kentucky, Andy Beshear, confirmou a morte de três pessoas nas rodovias do Kentucky. "As condições de neve e vento forte podem se desenvolver muito rapidamente", acrescentou, informando que a Guarda Nacional foi mobilizada no estado.

Em Oklahoma, pelo menos duas pessoas morreram em estradas, segundo a agência encarregada de emergências neste estado.

Mais e 1,5 milhão de pessoas ficaram sem luz nesta sexta-feira (23), principalmente nas Carolinas do Norte e do Sul, Connecticut e Texas. 

"Por favor, encarem esta tempestade com extrema seriedade", pediu o presidente Joe Biden na quinta-feira. O governante pediu que fossem seguidas as orientações locais. 

Véspera de Natal

Esperava-se que milhões de pessoas saíssem às rodovias e lotassem os aeroportos para este período de festas de Natal e Ano Novo, marcando uma volta aos níveis de mobilidade anteriores à pandemia.

Na quinta-feira, cerca de 10% dos voos foram cancelados, informou nesta sexta à MSNBC o secretário do Transporte, Pete Buttigieg. "Vários dos maiores centros aéreos foram afetados", acrescentou. 

O site especializado Flightaware contabilizava mais de 4.500 voos cancelados. Os aeroportos mais afetados foram os de Seattle (noroeste), Nova York, Chicago (norte) e Detroit.

A Associação Automobilística Americana (AAA) aponta cerca de 112 milhões de pessoas previam dirigir pelo menos 80 km entre os dias 23 de dezembro e 2 de janeiro. Mas as autoridades recomendam permanecer em casa. 

Em El Paso, no Texas, imigrantes desesperados que cruzaram a fronteira desde o México procuravam abrigo em igrejas, escolas ou centros sociais para fugir do frio. 

Alguns desses viajantes ilegais optaram por ficar do lado de fora em temperaturas de -9ºC por medo de serem abordados pelas autoridades de imigração, disse uma voluntária.

Em Chicago, Burke Patten, da organização sem fins lucrativos Night Ministry, relatou os esforços de seus membros para fornecer "casacos, chapéus, luvas, roupas íntimas térmicas, cobertores e sacos de dormir, bem como luvas para mãos e pés" para os sem-teto.

Queda ultrarrápida da temperatura

O fenômeno das nevascas se estende da fronteira canadense, no norte, aos limites com o México, no sul, e da costa do Pacífico, no noroeste, à costa atlântica, no leste, informaram os meteorologistas americanos.

Este sistema de baixa pressão provoca um forte choque entre uma massa de ar muito frio, proveniente do Ártico, e outra tropical, que chega do Golfo do México.

O que torna a situação atual extraordinária é que a pressão atmosférica caiu muito rapidamente, em menos de 24 horas. 

Em Nova York, enquanto as temperaturas ainda beiravam os +10°C na manhã desta sexta, a expectativa era de que os termômetros caíssem a -10°C à noite. Chicago, na manhã desta sexta, registrava -20ºC, e as temperaturas também eram negativas até a costa do Texas.

O Canadá também se preparava para enfrentar temperaturas incomumente baixas para a temporada.

Alertas de frio extremo, tempestade de inverno e inclusive neve com vento forte foram emitidos na manhã desta sexta para a maior parte do território canadense, informou o Environment Canada. 

Em Alberta (oeste) e Saskatchewan (centro), as temperaturas oscilavam entre os -40ºC e os -50ºC.