Rússia abrirá corredores humanitários, e Ucrânia chama ação de 'imoral'

País avalia que proposta de enviar ucranianos para cidades russas "não é aceitável"

O exército russo anunciou a abertura nesta segunda-feira (7) de corredores humanitários e a interrupção de ataques locais para permitir a retirada de civis das cidades ucranianas de Kharkiv, Kiev, Mariupol e Sumy.

A agência de notícias russa RIA detalhou que os corredores humanitários partirão de Kiev, Kharkiv, Mariupol e Sumy  com destino para cidades russas.

"As forças russas, com fins humanitários, declaram um 'regime de silêncio' a partir das 10h (4h de Brasília) de 7 de março e a abertura de corredores humanitários", informou o ministério da Defesa. 

O porta-voz da Rússia, Igor Konashenkov, comunicou que seis corredores humanitários serão abertos em cidades ucranianas para permitir que civis escapem da guerra. "Informações detalhadas sobre os corredores foram dadas antecipadamente para a Ucrânia", garantiu.

Contudo, um porta-voz da Ucrânia disse, nesta segunda-feira (7), que a proposta da Rússia é "completamente imoral", declarou, em nota. "São cidadãos ucranianos, eles deveriam ter o direito de ir para território ucraniano".

A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereschuk, rejeitou  corredores humanitários para Belarus e Rússia, propostos por Moscou. "Não é uma opção aceitável", disse. Ela afirmou que os civis retirados das cidades de Kharkiv, Kiev, Mariupol e Sumy "não irão para Belarus, para em seguida embarcar em um avião e seguir para Rússia".

Novas tratativas

O anúncio acontece poucas horas antes da terceira rodada de negociações entre Kiev e Moscou prevista para esta segunda-feira (7). 

Duas tentativas anteriores de retirar os civis do porto cercado de Mariupol, no leste da Ucrânia, fracassaram no fim de semana. Os dois lados trocaram acusações de violação das condições que possibilitariam a retirada.

Moscou afirmou que a decisão de abrir os corredores atende um "pedido pessoal" do presidente francês, Emmanuel Macron, ao colega russo, Vladimir Putin.

Os dois conversaram no domingo pela quarta vez desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro.

Moscou informou a ONU e outro organismos internacionais sobre os corredores e pediu à Ucrânia que "cumpra estritamente todas as condições" para a retirada, segundo o comunicado.

"Esperamos ações concretas das autoridades de Kiev, assim como das autoridades das cidades antes mencionadas", acrescenta a nota.