O aumento de casos de hepatite aguda de origem desconhecida em crianças e jovens de até 16 anos é investigado por autoridades internacionais. As notificações foram relatadas inicialmente no Reino Unido, mas já atingem outros países da Europa, além dos Estados Unidos e Israel. Até sexta-feira (21), eram 169 casos em ao menos 13 países, conforme último boletim divulgado, sábado (22) pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Pelo menos uma morte foi relatada, mas não há detalhes sobre o histórico da vítima. Além do Reino Unido e Irlanda do Norte (114), foram notificados casos:
- Espanha (13)
- Israel (12)
- Estados Unidos (9)
- Dinamarca (6)
- Holanda (4)
- Itália (4)
- Noruega (2)
- França (2)
- Romênia (1)
- Bélgica (1)
- Irlanda (menos de 5)
Além da OMS, países que registraram casos também estão monitorando a situação. A prioridade é determinar a causa desses casos.
A hepatite é uma inflamação que atinge o fígado causada por uma variedade de vírus infecciosos (hepatite viral) e agentes não infecciosos, conforme a OMS. Até o momento, 17 crianças necessitam de transplante de fígado.
A infecção pode levar a uma série de problemas de saúde, que podem até ser fatais.
Os vírus comuns que causam hepatite viral aguda (vírus da hepatite A, B, C, D e E) não foram detectados em nenhum desses casos.
A síndrome atinge pacientes de até 16 anos de idade, mas a maioria dos casos notificados está na faixa de 2 a 5 anos. O quadro das crianças europeias é de infecção aguda. Muitos apresentam icterícia, que, por vezes, é precedida por sintomas gastrointestinais, como dor abdominal, diarreia e vômitos. A maioria dos casos não apresentou febre.
Adenovírus detectado
O adenovírus atualmente uma é hipótese como causa subjacente, mas ele não explica totalmente a gravidade do quadro clínico. A infecção com adenovírus tipo 41, o tipo de adenovírus implicado, não foi previamente associada a tal apresentação clínica.
"O adenovírus foi detectado em pelo menos 74 casos e, do número de casos com informações sobre testes moleculares, 18 foram identificados como F tipo 41. O SARS-CoV-2 foi identificado em 20 casos dos testados. Além disso, 19 foram detectados com uma co-infecção por SARS-CoV-2 e adenovírus".
Os adenovírus são patógenos comuns que geralmente causam infecções autolimitadas. Eles se espalham de pessoa para pessoa e mais comumente causam doenças respiratórias. Contudo, dependendo do tipo, também podem causar gastroenterite (inflamação do estômago ou intestinos), conjuntivite (olho rosa) e cistite (infecção da bexiga).
Tipos de adenovírus imunologicamente distintos existem e podem causar infecções em humanos.O adenovírus tipo 41 geralmente se apresenta como diarreia, vômito e febre, muitas vezes acompanhados de sintomas respiratórios.
O potencial surgimento de um novo adenovírus, bem como a coinfecção por covid-19, precisam ser mais investigados. As hipóteses relacionadas aos efeitos colaterais das vacinas contra a Covid não são levadas em consideração atualmente, pois, a grande maioria das crianças afetadas não está com idade elegível para ser imunizada.
Casos suspeitos: o que fazer?
Em caso de suspeita, a recomendação é de realização testes de sangue (com experiência inicial de que o sangue total é mais sensível que o soro), soro, urina, fezes e amostras respiratórias, bem como amostras de biópsia hepática (quando disponíveis), com caracterização adicional do vírus, incluindo sequenciamento.
As medidas de prevenção para adenovírus e outras infecções comuns envolvem lavagem regular das mãos e higiene respiratória. Embora o adenovírus seja uma hipótese possível, as investigações estão em andamento para descobrir a origem da infecção.
Por enquanto, não há orientação para restringir viagens aos países com casos da doença.