O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reconheceu como um "erro trágico" o ataque que matou pelo menos 45 pessoas em um acampamento de refugiados em Rafah, no Sul da Faixa de Gaza, neste domingo (26). O exército de Israel disse que o alvo eram milicianos do Hamas.
Em discurso no parlamento israelense nesta segunda-feira (27), Netanyahu disse, "apesar dos nossos maiores esforços para não prejudicar civis inocentes, ontem à noite (domingo) houve um erro trágico. Estamos investigando o incidente e obteremos uma conclusão porque esta é a nossa política".
O Ministério da Saúde de Gaza disse que cerca de metade dos mortos eram mulheres, crianças e idosos. Nesta segunda-feira, crianças descalças reviraram os escombros enegrecidos enquanto as buscas continuavam.
Condenações internacionais
O local atingido era um campo de refugiados, gerando uma onda de condenações internacionais. O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, disse que está "horrorizado" com os ataques de Israel ao acampamento. "Horrorizado com as notícias vindas de Rafah sobre os ataques israelenses que mataram dezenas de pessoas deslocadas, incluindo crianças pequenas. Condeno isso nos termos mais fortes", afirmou Borrell na rede social X.
Segundo Borrell, "não há nenhum lugar seguro em Gaza. Esses ataques devem acabar imediatamente". Também apontou que "todas as partes devem respeitar" as ordens da Corte Internacional de Justiça (CIJ), que exigiu o fim dos ataques e o Direito Internacional Humanitário".
O ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, afirmou que bombardeios como o de Rafah terão repercussões duradouras para Israel. "Com esta escolha, Israel está espalhando o ódio, a enraizar o ódio que envolverá os seus filhos e netos. Eu teria preferido outra decisão" disse ele ao SKY TG24.
A França, um aliado europeu próximo de Israel, disse estar "indignada" com a violência. "Essas operações devem parar. Não existem áreas seguras em Rafah para civis palestinos. Apelo ao pleno respeito pelo direito internacional e a um cessar-fogo imediato", publicou o presidente Emmanuel Macron no X.
O Catar, um mediador entre Israel e o Hamas nas tentativas de garantir um cessar-fogo e a libertação de reféns detidos pelo Hamas, disse que os ataques poderiam "complicar" as negociações.
Os vizinhos Egito e Jordânia, que fecharam acordos de paz com Israel há décadas, também condenaram os ataques de Rafah. O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Egito descreveu o ataque a Tel al-Sultan como uma "nova e flagrante violação das regras do direito internacional humanitário". O Ministério das Relações Exteriores da Jordânia chamou a ofensiva de "crime de guerra".
A Casa Branca se declarou "impactada" pelas imagens do bombardeio israelense que atingiu um acampamento de deslocados na Faixa de Gaza, onde morreram "palestinos inocentes", e pediu a Israel para "tomar todas as precauções para proteger todos os civis".
"Deixamos claro que Israel deve tomar todas as precauções possíveis para proteger os civis", disse um porta-voz do Conselho de Segurança, apesar de admitir que "Israel tem o direito de atacar o Hamas, e entendemos que no bombardeio morreram dois terroristas de hierarquia elevada".
Apelo da ONU
O enviado da ONU ao Oriente Médio, Tor Wennesland, apelou nesta segunda-feira (27) a Israel para realizar uma investigação "exaustiva e transparente" sobre o bombardeio.
"Apelo às autoridades israelenses para que realizem uma investigação exaustiva e transparente sobre este incidente, responsabilizem os autores de quaisquer crimes e tomem medidas imediatas para proteger os civis", disse o representante da ONU em comunicado.