Joe Biden desiste de disputar reeleição para a presidência dos EUA

O atual presidente norte-americano iria competir com o ex-presidente Donald Trump

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desistiu de tentar a reeleição para o cargo. O comunicado foi feito pelo perfil dele no X (antigo Twitter) neste domingo (21). 

O democrata iria enfrentar o ex-presidente Donald Trump nas eleições do País em novembro de 2024. A candidatura de Biden já vinha sendo colocada em xeque, após participação dele nos debates presidenciais. 

A pressão para a retirada de candidatura do presidente vinha de congressistas aliados e chegou também em doadores da campanha, que pediam por um novo nome democrata para enfrentar Trump — que está na frente nas pesquisas eleitorais. 

"Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me afaste e me concentre exclusivamente em cumprir meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato", informou Biden. 

No comunicado, Biden ressaltou ainda as conquistas nos três anos e meio de mandato e agradeceu ao povo norte-americano pelo apoio durante a gestão. 

"Sei que nada disso poderia ter sido feito sem vocês, povo americano. Juntos, superámos uma pandemia que ocorre uma vez num século e a pior crise económica desde a Grande Depressão. Protegemos e preservamos a nossa democracia", disse.

Biden informou ainda que deve falar, ainda essa semana, "à Nação" para dar maiores detalhes sobre a decisão de desistir da corrida presidencial.

Pressão pela desistência

A pressão para que Biden desistisse da candidatura começou após o desempenho do presidente em debate contra Trump no final de junho. As resposta do democrata levantaram questionamentos inclusive sobre a capacidade cognitiva dele. 

No último dia 4 de julho, ele chegou a admitir que não foi bem no debate. "Eu tive uma noite ruim (...) Estraguei tudo, cometi um erro", disse Biden. Apesar disso, ele vinha resistindo a pressão e negou qualquer declínio cognitivo ou físico. 

Contudo, nomes fortes do Partido Democrata vinham duvidando da possibilidade de sucesso da candidatura de Biden. Entre eles, o ex-presidente Barack Obama — de quem Biden foi vice-presidente — e a ex-líder da Câmara Nancy Pelosi.

Biden foi diagnosticado com Covid-19 na última quarta-feira (17) e tem estado isolado desde então em casa. Segundo a imprensa dos EUA, ele ficou mais reflexivo sobre a candidatura. 

Quem irá substituir Biden?

Joe Biden venceu as prévias democratas em janeiro deste ano, sem nenhuma concorrência. Com a desistência, no entanto, um novo nome deve ser escolhido. 

A previsão é de que isso aconteça durante  a Convenção Nacional Democrata de 2024 em Chicago, que acontecerá entre 19 e 22 de agosto.

Segundo informações do g1, uma troca como essas nunca aconteceu antes no Partido Democratas. 

Entre os nomes cotados para a substituição estão a vice-presidente Kamala Harris; o governador da Califórnia, Gavin Newson; a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer; o governador de Illinois, J. B. Pritzker; além do deputado Dean Phillips e do senador Sherrod Brown. 

Por enquanto, no entanto, não houve nenhum anúncio do Democratas sobre o que o partido fará após a desistência de Biden. 

Veja a íntegra do comunicado traduzido:

"Meus companheiros americanos,

Nos últimos três anos e meio, fizemos grandes progressos como Nação.

Hoje, a América tem a economia mais forte do mundo. Fizemos investimentos históricos na reconstrução da nossa nação, na redução dos custos dos medicamentos prescritos para os idosos e na expansão dos cuidados de saúde acessíveis a um número recorde de americanos. Fornecemos cuidados extremamente necessários a um milhão de veteranos expostos a substâncias tóxicas. Aprovou a primeira lei de segurança de armas em 30 anos. Nomeada a primeira mulher afro-americana para a Suprema Corte. E aprovou a legislação climática mais significativa da história do mundo. A América nunca esteve melhor posicionada para liderar do que estamos hoje.

Sei que nada disso poderia ter sido feito sem vocês, povo americano. Juntos, superámos uma pandemia que ocorre uma vez num século e a pior crise económica desde a Grande Depressão. Protegemos e preservamos a nossa democracia. E revitalizamos e fortalecemos nossas alianças em todo o mundo.

Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me afaste e me concentre exclusivamente em cumprir meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato

Falarei à Nação ainda esta semana com mais detalhes sobre minha decisão.

Por enquanto, deixe-me expressar minha mais profunda gratidão a todos aqueles que trabalharam tanto para me ver reeleito. Quero agradecer à vice-presidente Kamala Harris por ser uma parceira extraordinária em todo este trabalho. E deixe-me expressar o meu sincero agradecimento ao povo americano pela fé e confiança que depositou em mim.

Acredito hoje no que sempre acreditei: que não há nada que a América não possa fazer – quando fazemos isso juntos. Só temos que lembrar que somos os Estados Unidos da América".