Infecções por fungo fatal aumentam em pacientes recém-recuperados da Covid-19 na Índia

A doença é causada pelos fungos mucor, que são comuns e podem ser encontrados, por exemplo, no bolor de pão

Indianos que já foram contaminados com o novo coronavírus passaram a ser frequentemente acometidos por uma infecção fúngica, muitas vezes fatal, após a recuperação da Covid-19. Os casos de mucormicose se propagam pelo corpo dos pacientes, destruindo pele, músculo, ossos e órgão.   

Os fungos mucor, causador da patologia, são extremamente comuns, sendo encontrados na terra ou em alimentos estragados, como no bolor de pão. Eles atacam os sinos nasais ou o pulmão de indivíduos com o sistema imunológico debilitado, como o dos pacientes recém-recuperados da doença causada pelo novo coronavírus.   

"Os casos de infecções por mucormicose em pacientes com a Covid-19 após sua recuperação são quase quatro ou cinco vezes mais numerosos do que aqueles detectados antes da pandemia", disse Atul Patel, especialista em doenças infecciosas de Ahmedabad, membro da equipe de enfrentamento à covid-19 desse estado.   

No estado ocidental de Maharashtra - onde está localizada Bombaim, o grande centro financeiro da Índia - foram registrados até 300 casos, informou Khusrav Bajan, consultor nesta cidade do Hospital Nacional Hinduja e também membro da equipe de combate à Covid-19 do estado.  

Até agora, cerca de 300 casos também foram relatados em quatro cidades de Gujarat, incluindo a maior, Ahmedabad, de acordo com dados de hospitais estaduais. 

O estado indiano ordenou que os hospitais públicos criassem salas de tratamento separadas para pacientes infectados com o "fungo negro" conforme os casos aumentassem.  

Mucormicose em recuperados da Covid-19 

A patologia - chamada pelos médicos indianos de "fungo negro" - costuma ser mais grave em pacientes cujo sistema imunológico está debilitado devido a uma ou mais infecções, como no caso da Covid-19 ou portadores de HIV.  

"A mucormicose, se não tratada, pode ser fatal", alertou o Conselho Indiano de Pesquisa Médica (ICMR), agência científica responsável por fornecer respostas ao governo, em uma série de indicações sobre o tratamento postadas no Twitter. 

Os pacientes recém-recuperados do novo coronavírus são mais suscetíveis a desenvolver essa infecção fúngica, dentre eles há alguns grupos que possuem mais chances de desenvolver formas graves da doença. São eles os com um quadro de diabetes não controlada, aqueles que usaram esteroides durante o tratamento do coronavírus, assim como aqueles que ficaram muito tempo em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), acrescentou a entidade.  

Segunda onda da pandemia  

A Índia superou nesta quarta-feira (12) a marca de 250.000 mortes por Covid-19 desde o início da pandemia, que atualmente afeta com força o País de 1,3 bilhão de pessoas. 

Conforme os números do ministério da Saúde, 4.205 pessoas morreram entre terça-feira (11) e quarta, o que eleva o balanço total de vítimas a 254.197 desde o início da pandemia. 

A pandemia parece estar diminuindo nas grandes cidades do país, mas o vírus está fora de controle no vasto interior rural da Índia, onde vivem dois terços da população. 

Muitos especialistas acreditam que os números reais estão provavelmente subnotificados.