Criança brasileira é agredida em escola pública de Portugal; veja vídeo

O caso foi filmado por um estudante e ganhou os noticiários do país europeu como mais um caso de xenofobia

Uma criança brasileira de 11 anos foi agredida por uma colega em uma escola pública na cidade de Entroncamento, distrito de Santarém, Portugal. A agressão foi filmada por um estudante e ganhou os noticiários do país europeu como mais um caso de xenofobia.

A mãe da garota, Antônia Silverlene Melo, contou, em entrevista ao jornal O Globo, que a filha foi atacada duas vezes na última sexta-feira (5), na escola Dr. Ruy D'Andradesendo. Segundo ela, apenas o primeiro episódio foi filmado, e que os outros discentes, professores ou funcionários se envolveram para defender a menina. 

A vítima, identificada como Maria, contou à publicação que os episódios de violência aconteciam "paticamente todos os dias" na instituição de ensino. 

As agressões sofridas pela brasileira foram reveladas pelo Jornal de Notícias, além de serem transmitidas pelas emissoras de TV portuguesas, que associaram o comportamento das crianças ao  bullying. 

Nesta semana, Maria chegou a frequentar a escola em alguns dias, mas parou de ir devido ao medo de ser novamente agredida. Segundo revelou ao O Globo, os estudantes têm a culpado pela repercussão do caso. 

"Senti muitos olhares e [fiquei] um pouco mal. As alunas me culparam por minha mãe tentar me proteger e falaram que não deveria ter feito denúncia. Os professores me apoiaram, se preocuparam bastante, mas as alunas continuavam implicando um pouco", disse ao jornal. 

A menina será transferida de escola e a família pondera também mudar de cidade. Antônia Silverlene Melo deixou São Gonçalo, Rio de Janeiro, para ir morar em Portugal em 2018, com intuito de fugir da violência, mas encontrou um cenário diferente.

"Maria passou a manifestar este comportamento, além de baixa autoestima, desde que veio para Portugal. Fiquei perdida, não sei o que fazer. Mas quero denunciar para não acontecer de novo. Pior que saí do Brasil para fugir da violência e não esperava isso", explicou à publicação. 

Para tentar interromper o ciclo de agressões, a mãe disse que resolveu denunciar o caso à Polícia. 

Histórico de violência

Antes das agressões de sexta-feira, Maria já era alvo bullying por parte dos colegas, que criticavam a aparência da criança e ainda falavam que ela devia voltar para o Brasil. 

"Ela já entrou na turma com problemas anteriores. Diziam que ela era feia, esquisita e mandaram voltar para terra dela. Maria tinha um livro de uma série popular, 'Death note'. E as crianças disseram que, por isso, Maria teria o poder de matar todo mundo. A partir daí, minha filha começou a falar com ela mesma que queria morrer e a turma passou a rejeitá-la", contou a mãe da garota. 

Além do ambiente escolar, Maria também era importunada através da internet. No Natal de 2021, ela recebeu uma mensagem em que uma aluna incitava a brasileira a cometer suicídio: "mata te", escreveu. 

Em outra mensagem enviada à vítima, um estudante diz que todos da turma dela a odeiam e que ninguém a ama. Com o assédio, Antônia Melo disse que começou a perceber sinais de depressão, além de baixa autoestima, na filha. 

Escola sabia das agressões

Conforme a brasileira, o diretor da escola Dr. Ruy D'Andrade foi informado sobre o caso e chegou a agendar uma reunião para a última sexta-feira, mas o encontro não chegou a acontecer.

Na mesma data, durante o intervalo, Maria discutiu com a agressora antes de ser derrubada e receber uma sequência de golpes e chutes. 

"Meu diretor de turma falou para os alunos que não deviam ter gravado e, sim, chamado um responsável", contou a criança ao O Globo. 

À Lusa, a instituição de ensino afirmou que um para apurar o caso foi aberto. Ainda segundo a agência, “foi acionada a equipe técnica de psicologia para acompanhamento e apoio à aluna agredida e respectivos encarregados de educação”.

No entanto, segundo a mãe da brasileira, a filha só teve acesso a um profissional da área uma vez. 

"A minha filha teve contato com a psicóloga uma vez, em janeiro, para tratar de depressão. Depois do episódio, não teve mais contato. Perguntei se a psicóloga conversou com ela, disse que não", relatou.