Principal assunto mundial neste primeiro bimestre de 2020, a epidemia do novo coronavírus se espalha pelo Planeta desde o fim do ano passado. Nas comemorações do Carnaval pelo mundo, a doença foi lembrada por foliões fantasiados com o patógeno, similar a uma coroa, como se viu na parada promovida na cidade alemã de Düsseldorf.
O problema, no entanto, inspira cuidados no mundo inteiro. A epidemia registrou aumento do número de vítimas na Coreia do Sul, Irã e Itália, além de quatro novos países afetados, uma situação que deixou os mercados financeiros em alerta.
Coreia do Sul e Irã têm agora o maior número de casos de contaminação e de mortes fora da China.
Menos de uma semana depois da detecção do novo coronavírus em seu território, o Irã anunciou mais quatro mortes, o que eleva a 12 o total de vítimas fatais no país.
Também anunciaram seus primeiros casos da doença Afeganistão, Iraque, Bahrein e Kuwait. Quase 30 países e territórios já foram afetados pela epidemia, com um balanço de pelo menos 30 mortos fora da China.
A Coreia do Sul anunciou um número recorde de 231 novos casos de contaminação em 24 horas. O país registra 800 pessoas infectadas e sete mortes.
Esta quantidade é superior a do Japão, onde o cruzeiro "Diamond Princess" era até agora o principal foco de contaminação fora da China.
O presidente sul-coreano Moon Jae-in declarou no domingo estado de alerta máximo no país.
Daegu, na região sudeste e quarta maior cidade do país, com 2,5 milhões de habitantes, registra muitos casos e virou uma cidade fantasma. Apenas alguns passageiros, protegidos com máscaras, entravam ou deixavam a estação ferroviária.
Peregrinação em Israel
Mais da metade dos casos anunciados na Coreia do Sul envolve membros de uma seita cristã. Dezoito deles retornaram de uma peregrinação a Israel, país que registrou dois casos e que adotou novas medidas de proibição de entrada.
No Oriente Médio, vários países anunciaram medidas para tentar evitar a rápida propagação do vírus a partir do Irã.
Preocupados com a multiplicação de casos neste país (47), Armênia, Turquia, Jordânia, Paquistão e Afeganistão fecharam as fronteiras ou adotaram restrições para pessoas procedentes do Irã.
O governo iraniano anunciou no sábado o fechamento dos centros de ensino em 14 províncias, incluindo Teerã.
Na China, onde o novo coronavírus surgiu em dezembro em um mercado de Wuhan (centro), a epidemia provocou mais 150 mortes nas últimas 24 horas.
Esta número representa um aumento significativo na comparação com a quantidade de óbitos anunciada no domingo (97).
A doença já matou 2.592 pessoas no país.
O número de novos casos de contaminação foi menor em 24 horas, 409 casos contra 648 anunciados no domingo. As autoridades chinesas expressaram otimismo a respeito da evolução da doença.
Sanções
Diante da gravidade da situação, o regime comunista decidiu adiar, pela primeira vez em três décadas, a sessão anual do Parlamento que começaria em 5 de março.
Além disso, o governo anunciou a proibição completa e de forma imediata do comércio e consumo de animais selvagens, uma prática que supostamente contribuiu para a propagação do COVID-19.
Em Wuhan, cidade de 11 milhões de habitantes na região central da China isolada do mundo há um mês, autoridades anunciaram nesta segunda-feira que os não residentes poderiam deixar a localidade se não apresentassem sintomas e não estivessem em contato com os portadores do vírus.
Algumas horas depois, no entanto, a prefeitura anulou a medida e invalidou a decisão. Também afirmou que adotará sanções contra os que fizeram o anúncio "sem autorização".
"Wuhan coloca em prática o espírito das importantes instruções de Xi Jinping", presidente chinês, para lutar contra o vírus, afirmou o governo local.
Uma equipe de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) visitou Wuhan no fim de semana.
Esta foi a primeira visita de especialistas estrangeiros ao local desde o início da epidemia. De acordo com o ministério chinês da Saúde, eles inspecionaram dois hospitais e um centro médico improvisado.
Mortes na Itália
Na Europa, a Itália se tornou o primeiro país do continente a impor medidas de quarentena em várias cidades da região norte.
Um homem de 84 anos faleceu na Lombardia (noroeste) e se tornou a quarta vítima fatal do coronavírus no país.
Quase 52.000 pessoas passaram o domingo confinadas em uma zona de isolamento na Lombardia e Veneza.
O carnaval de Veneza, que terminaria na terça-feira, foi cancelado no domingo.
Um avião da companhia Alitalia, com quase 300 passageiros, foi bloqueado nesta segunda-feira nas Ilhas Maurício, no Oceano Índico, pelo temor do novo coronavírus.
A propagação do coronavírus nos últimos dias provocou quedas nas Bolsas europeias.
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, advertiu que a crise pode colocar em perigo a recuperação da economia mundial, durante uma reunião ministerial do G20 na Arábia Saudita.
O FMI já reduziu em 0,4 ponto a previsão de crescimento da China em 2020, a 5,6%.