Cientistas descobrem ondas gravitacionais

Fenômeno físico foi previsto há mais de cem anos nos estudos do alemão Albert Einstein

Washington. Cientistas dos Estados Unidos anunciaram, ontem, uma descoberta histórica: pela primeira vez foram detectadas as ondas gravitacionais previstas por Albert Einstein na Teoria Geral da Relatividade, publicada há cem anos.

"Estamos detectando ondas gravitacionais. Nós conseguimos", anunciou David Reitze, um dos coordenadores do projeto Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (Ligo, na sigla em inglês), nos EUA, na agência americana de financiamento à pesquisa. À BBC, o físico Stephen Hawking disse que a descoberta é um divisor de águas e pode "revolucionar a astronomia".

As pesquisas tiveram participação de mais de mil cientistas de 14 países, incluindo grupos brasileiros liderados por Odylio Aguilar, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, e por Riccardo Sturani, do Centro Internacional de Física Teórica, da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

A novidade foi publicada na revista científica "Physical Review Letters" e divulgada simultaneamente nos EUA e na cidade de Cascina, na Itália, onde está o projeto Virgo, colaborador das pesquisas do Ligo.

"É a primeira detecção direta das ondas gravitacionais e abre um novo capítulo na astronomia", declarou o cientista Fulvio Ricci, coordenador do Virgo.

Cientistas anunciaram terem prova direta da existência das ondas gravitacionais previstas nas teorias de Albert Einstein:

Previstas há um século por Einstein as ondas gravitacionais são ondulações no tecido do espaço-tempo provocadas por eventos cósmicos violentos, como quando se atira uma pedra em uma lagoa.

A descoberta ocorre três meses após o centenário da Teoria da Relatividade Geral de Einstein, que revolucionou a compreensão do universo. Desde já, a novidade é forte candidata ao Nobel de Física em 2016.

No caso das ondas descobertas pelo Ligo, a origem do fenômeno está na colisão entre dois buracos negros ocorrida há um bilhão de anos. Ou seja, a novidade é duplamente surpreendente, já que também oferece a primeira prova direta da existência de buracos negros.

"Observamos o primeiro evento em absoluto no qual uma colisão não produz dados observáveis, a não ser por meio das ondas gravitacionais. Durou uma fração de segundo, mas a energia emergida foi enorme, equivalente a três massas solares", acrescentou Ricci. Os dois buracos formavam um "casal", ou seja, um sistema binário no qual um orbitava em torno do outro. Quando ocorreu a colisão, houve um gigantesco choque e se formou um único buraco negro, explicou o cientista italiano.