China registra primeira morte por Covid-19 em oito meses

Anúncio de óbito ocorre após vários surtos da doença ressurgirem no país, que tem 4.635 óbitos confirmados

China anunciou nesta quinta-feira (14) a primeira morte por Covid-19 em oito meses, pouco antes da chegada da equipe de especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS) encarregada de estudar a origem do coronavírus.

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Formada por 10 cientistas de diferentes nacionalidades, a equipe da OMS chegou nesta quinta a Wuhan (centro), em um voo de Singapura.

China, onde a Covid-19 foi detectada pela primeira vez há um ano em Wuhan, conseguiu erradicar a pandemia em seu território, graças a fortes medidas de controle de movimento, ao uso generalizado da máscara, a confinamentos e a aplicativos de rastreamento.

Nos últimos dias, porém, vários surtos reapareceram no país, embora ainda esteja muito longe dos números registrados em outras partes do mundo. 

Nesta quinta, Pequim anunciou o maior número de infecções desde março. A maioria dos novos casos se concentra em Hebei, uma grande província que circunda a capital, com 81 casos.

Segundo as autoridades sanitárias, a pessoa falecida foi justamente desta província. A última morte na China por Covid-19, antes desta quinta-feira, datava de maio passado.

De acordo com o balanço oficial, 4.635 pessoas morreram no país por Covid-19, que já causou quase dois milhões de mortes no mundo.

Estado de urgência 

A notícia se espalhou nas redes sociais e ultrapassava 100 milhões de comentários no Weibo, o equivalente ao Twitter na China.

"É chocante, há muito tempo não via as palavras 'morto pelo vírus'" na China, comentou um internauta, desejando o fim da pandemia.

Essa nova morte na China ocorre após o surgimento de vários surtos que levaram as autoridades a agirem de forma decisiva.

Heilongjiang, uma província vizinha da Rússia, declarou "estado de emergência" na quarta-feira. Seus 37,5 milhões de habitantes não podem deixar a província, exceto em casos de urgência. Reuniões agendadas foram canceladas.

Uma das cidades da província, Suihua, de mais de cinco milhões de habitantes, foi colocada em quarentena na segunda-feira. Os moradores devem permanecer em suas casas, e o transporte público foi suspenso.

O aumento dos casos preocupa o governo com a chegada do Ano Novo Chinês, que este ano cai em 12 de fevereiro. A data gera milhões de deslocamentos de trabalhadores migrantes que retornam para suas famílias.

É improvável, no entanto, que a China registre uma "disseminação em grande escala" do coronavírus, assegurou na quarta o vice-diretor do Centro Nacional para Controle e Prevenção de Doenças, Feng Zijian.

Nesse contexto, a equipe da OMS chegou a Wuhan para tentar descobrir a origem da Covid-19. Ainda levará algum tempo para iniciar seu trabalho, pois seus especialistas terão de observar uma quarentena de duas semanas.

Esta visita é extremamente sensível para Pequim, preocupada com descartar qualquer responsabilidade pela pandemia que afundou a economia mundial.

Prevista inicialmente para a semana passada, a visita foi cancelada no último minuto por falta de todas as autorizações necessárias.

Em uma rara crítica à China, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, lamentou que seus pesquisadores não tenham podido visitar o país antes.

Esta missão vai durar entre cinco e seis semanas. Seu objetivo é explorar "todas as pistas", mas não procurará culpados, disse à AFP um de seus membros, Fabian Leendertz, do Instituto Robert Koch da Alemanha. 

"Trata-se de compreender o que aconteceu para reduzir os riscos futuros", insistiu Leendertz.

Mas "não esperem [...] que a equipe volte com resultados conclusivos" nesta primeira visita, alertou.