A crise mundial de saúde pública deflagrada pelo novo coronavírus, que já matou 170 pessoas na China e registra 7.711 infectados no mundo, segundo o balanço divulgado na noite desta quarta-feira, é acompanhado com atenção redobrada em Fortaleza no Instituto Confúcio (IC), uma instituição educacional sem fins lucrativos, vinculado ao Ministério da Educação da China, que funciona no campus do Pici da UFC.
Em entrevista ao Diário do Nordeste, a diretora do IC, a professora cearense Mônica Amorim, disse que conversou com quatro colegas chineses em diferentes províncias do país asiático.
“A situação é muito preocupante e exige muita pesquisa científica, mas os chineses fazem tudo com muita rapidez. Já anunciaram a construção de um hospital em Wuhan no prazo de dez dias. Em menos de oito dias, já fizeram o mapeamento genético do vírus. A eficácia chinesa vai conseguir controlar essa epidemia”, avalia Mônica, que viajou à China no ano passado.
Na próxima semana, ela viaja a Brasília para reuniões na Embaixada da China, onde deve acompanhar os projetos do país asiático para estreitar as relações com o Brasil - o que não deve sofrer impacto com a epidemia que assusta o mundo há uma semana.
Na avaliação da professora cearense, a crise do coronavírus de Wuhan, cidade onde foram registrados os primeiros casos no fim de 2019, remete à experiência traumática dos chineses com a Síndrome Respiratória Aguda Severa (Sars) de 2002-2003, outro coronavírus que contaminou 5.327 pessoas no país e deixou 774 mortos no mundo, 349 deles na China continental.
“Com o episódio da Sars, eles colheram muitas informações sobre o coronavírus para controlar a epidemia no menor tempo possível”, observa.
O número de cearenses vivendo na China ainda é inexpressivo. Pelo menos 14 cearenses adultos podem estar em duas cidades chinesas onde houve registros de mortes pelo coronavírus. São cinco na capital Pequim (21,5 milhões de habitantes), e outros nove em Xangai, a maior cidade do país asiático (24,2 milhões de habitantes). Os dados foram extraídos de um levantamento realizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sobre títulos de eleitores nascidos no Estado do Ceará que transferiram seu domicílio eleitoral para cidades localizadas no exterior.
Cearenses
Referência para quem busca conhecer e se aprofundar sobre a cultura chinesa, o Instituto Confúcio da UFC é o 10º do Brasil e o 2º do Norte-Nordeste. Foi possível graças a uma parceria com a Universidade de Nankai, em Tianjin e tem como objetivo apoiar e promover o ensino da língua (mandarim) e cultura chinesas, assim como melhorar as relações bilaterais o e intercâmbio.
Segundo Mônica, o último estudante cearense que foi se aperfeiçoar em uma universidade da China, graças a uma bolsa de estudos, já retornou.
O Ceará não abriga consulado da China. O IC busca criar conexões entre governos e empresas interessadas em inovação e empreendedorismo no gigante asiático.
“Estamos construindo projetos com os chineses nas áreas de Inteligência Artificial e medicina tradicional”, detalha a diretora do IC.
Correção: A primeira versão dessa matéria dizia que a China tem grandes investimentos no Ceará "como a siderúrgica do Pecém (litoral oeste)". O correto é que a empresa não é um investimento chinês, mas, sim, um investimento binacional brasileiro e sul-coreano.