Quando a data "11 de setembro" é citada, costuma ser associada aos ataques no World Trade Center, em 2001, nos Estados Unidos. Mas, nesse mesmo dia, em 1973, ocorreu um golpe militar no Chile. Há 51 anos, o presidente Salvador Allende morria e o general Augusto Pinochet tomava o poder, dando início a uma das ditaduras mais violentas do Cone Sul.
Com o apoio dos militares, a ditadura duraria até 1990. Na data, o Palácio de La Moneda, residência presidencial, foi atacado pela Força Aérea Chilena. Houve queima de livros e diversas pessoas foram detidas.
Conforme diversas Comissões da Verdade, o número de vítimas no Chile é de 40,1 mil pessoas. Desse total, estima-se que foram cerca de 4 mil mortos e desaparecidos e 38 mil presos e torturados. A BBC detalha que essa quantidade inclui presos desaparecidos, vítimas de tortura e de execuções políticas.
Sendo considerada uma das ditaduras mais sangrentas do Cone Sul, o Chile possui um forte trabalho de manutenção da memória e da história, tendo criado o Museu da Memória e dos Direitos Humanos, em Santiago do Chile. O equipamento visa não apenas homenagear os mortos, mas criar reflexões para evitar outro acontecimento histórico com diversos desrespeitos aos direitos humanos.
Dentre um dos artistas que morreram durante a ditadura chilena está o conhecido Victor Jara. Ele chegou a escrever canções que criticavam a violência e defendia os direitos humanos, como a música "El derecho de vivir en paz" (O direito de viver em paz).
Campanha do Não
O processo de abertura do governo ocorreu em 1988. No dia 5 de outubro daquele ano, Pinochet perdeu um plebiscito nacional que estipulava se ele ficaria no poder até 11 de março de 1997. Na votação, dizia apenas "Plebiscito Presidente de La República", com o nome "Augusto Pinochet Ugarte".
O público poderia responder apenas "Sim" ou "Não". O "Sim" representava mais oito anos de ditadura. Mas 55,9% da população escolheu "Não", que abria caminho para o fim desse regime, possibilitando uma eleição presidencial no ano seguinte.
A "Campanha do Não" ficou muito conhecida na época, chegando a ser retratada no filme "No" (2012), com direção de Pablo Larraín e participação de Gael García Bernal. Ela também inspirou o livro "O dia em que a poesia derrotou um ditador", do escritor chileno Antonio Skármeta.