´60% dos sacerdotes pedófilos são gays´

Escrito por Redação ,
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Vaticano explica comentário de cardeal que relacionou o homossexualismo à pedofilia

Roma. Após protestos de associações gays, líderes políticos e governos em diversos países, o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, afirmou, ontem, que as declarações do secretário de Estado, cardeal Tarcisio Bertone, sobre pedofilia e homossexualidade se referiam somente à Igreja Católica.

De acordo com Lombardi, Bertone abordou apenas a "problemática dos abusos no interior da Igreja, e não na população mundial" quando falou sobre o tema.

O cardeal procurou evitar acusações de que o celibato estaria entre as origens da crise em que a Igreja se encontra, afirmando que "foi demonstrado por muitos psicólogos e psiquiatras que não há ligação entre celibato e pedofilia, enquanto muitos outros estudos demonstraram uma ligação entre homossexualidade e pedofilia".

Lombardi explicou que pesquisas da Igreja Católica apontam que 60% dos casos de abusos sexuais contra crianças são cometidos por padres homossexuais. Segundo o porta-voz, análises feitas pelas autoridades eclesiásticas e pela Congregação para a Doutrina da Fé "resultam simplesmente no dado estatístico" de que 60% dos casos envolvem indivíduos do mesmo sexo e 30% são de caráter heterossexual".

"Se referiria, evidentemente, à problemática dos abusos sexuais da parte dos sacerdotes, e não da população em geral", ratificou ele, referindo-se às declarações de Bertone, que repercutiram entre autoridades políticas e civis, além de organizações de homossexuais.

Lombardi ainda criticou o cardeal Bertone. "As autoridades eclesiásticas não consideram da competência do cardeal fazer afirmações gerais de caráter psicológico ou médico, para as quais se remetem naturalmente os estudos de especialistas e às pesquisas dirigem", afirmou.

Críticas à Igreja

A associação italiana GayLib afirmou que "o Vaticano devia pedir perdão ao mundo e à história" durante uma Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

"Deve fazer isso devido às dimensões inacreditáveis, em escala mundial, do escândalo de padres pedófilos. Também deve fazer isso pelas aberrações conceituais que prelados, e até mesmo o secretário de Estado, pronunciaram nos últimos dias", pontuou um documento da entidade.

Políticos chilenos também lamentaram os comentários de Bertone, feitos durante uma visita oficial ao país iniciada há uma semana e encerrada na última terça-feira.

Recentemente uma série de denúncias de abusos sexuais que teriam sido cometidos por religiosos recaiu sobre a Igreja Católica. Há casos em diversos países, como Estados Unidos, Irlanda, Suíça, Noruega, África do Sul, Dinamarca, Alemanha, México, Canadá, Áustria, Holanda, Reino Unido, Nova Zelândia, entre outros.

Explicação

"O cardeal se referia aos abusos sexuais da parte dos sacerdotes, e não da população em geral"
Padre Federico Lombardi, Porta-voz do Vaticano