O vídeo do humorista Léo Lins fazendo "piada" de uma criança cearense com hidrocefalia repercutiu nas redes sociais nesta semana e acabou causando a demissão dele do SBT. Com a divulgação, diversos internautas buscaram tirar dúvidas sobre a doença.
Nas imagens em que Lins aparece em um show de comédia, é possível vê-lo utilizar a doença, que causa o acúmulo de líquido em cavidades do cérebro, para tentar fazer a plateia rir.
"Acho muito legal o Teleton, porque eles ajudam crianças com vários tipos de problema. Vi um vídeo de um garoto no interior do Ceará com hidrocefalia. O lado bom é que o único lugar na cidade onde tem água é a cabeça dele", disse o ex-contratado do The Noite, com o apresentador Danilo Gentili.
Responsável pelo Teleton, a AACD repudiou as declarações. "Em uma fala extremamente infeliz e bastante capacitista, ele ataca pessoas com hidrocefalia, chama as pessoas com deficiência de “crianças com vários tipos de problemas” e mostra desrespeito aos moradores do Ceará", explicou.
O que é hidrocefalia?
A hidrocefalia é uma condição de saúde em que um acúmulo de líquido é observado nas cavidades que constituem o cérebro. Dessa forma, ele provoca um aumento da pressão intracraniana, com o LCR (Líquido Cefalorraquidiano) se acumulando nos espaços existentes entre as várias partes do cérebro, os ventrículos, e ainda nas áreas subaracnoides, na camada externa do encéfalo, entre o órgão e a meninge.
Ela é normalmente registrada em crianças e idosos, mas também pode ser registrada em adultos. No Brasil, segundo levantamento do Hospital Albert Einstein, 11 mil novos casos em adultos por ano já foram contabilizados.
A hidrocefalia congênita, que vem desde o nascimento, pode ser observada e diagnosticada até mesmo antes do parto. Apesar de não se saber exatamente sobre o que provoca a hidrocefalia nos bebês, indícios de que são fatores genéticos hereditários já foram apontados.
As chances da criança nascer com a hidrocefalia também aumentam quando há um histórico de toxoplasmose, citomegalovírus, rubéola, sífilis e meningite, assim como o uso abusivo de entorpecentes como a cocaína e a heroína.
Nos bebês, ocorre a expansão da cabeça porque ainda não há consolidação óssea da caixa craniana. Enquanto isso, nos adultos o liquor não reabsorvido acumula-se nos ventrículos, comprimindo estruturas cerebrais importantes e causando sintomas como deficiência progressiva da memória, instabilidade para caminhar e dificuldade para reter a urina.
Em casos mais leves da doença, medicamentos podem ajudar na eliminação do líquido, mas em casos mais graves o tratamento cirúrgico é o mais indicado. O procedimento introduz um cateter intracraniano capaz de retirar o excesso de LCR, dispensando-o em outras áreas do corpo.