Ferritina é a proteína produzida pelo fígado, responsável pelo armazenamento do ferro, além de formar a hemoglobina e as hemácias. Para detectar a quantidade de sua presença no organismo, é preciso realizar um exame de sangue, que irá avaliar a quantidade de ferro, se está alta ou baixa, e as possíveis implicações para o paciente. É através dele que se diagnostica inflamações, infecções e doenças, como a anemia ferropriva.
“O ferro, em si, é indispensável para o bom funcionamento do corpo, estando relacionado ao desenvolvimento cognitivo, contribuindo para o sistema imunológico e, acima de tudo, auxiliando no transporte de oxigênio no sangue. A avaliação da ferritina acaba sendo, ainda, um importante marcador inflamatório de fase aguda e de processos inflamatórios crônicos, revelando muito mais que apenas o excesso ou falta de ferro”, explica o médico especialista em medicina integrativa, Arthur Ribeiro da Costa*.
O que é?
Ferritina é uma proteína fundamental e seu papel na fisiologia vai muito além, segundo o médico, da função da qual deriva seu nome, que é a de estocar e liberar a reserva de ferro. É fabricada pelas células de diversos órgãos como fígado, baço e medula óssea.
Ela é implicada, direta e indiretamente a funções vitais, como regulação do sistema imunológico, proteção cerebral e funções hormonais, como produção e ação dos hormônios da tireoide. Ainda conforme Arthur Ribeiro, os níveis ideais de ferritina estão longe de serem aqueles apresentados nos limites da normalidade dos laboratórios. E detalha: “O valor ideal é de pelo menos 150 ng/mL. Além disso, o número isolado não é suficiente para avaliar inflamação e nem o metabolismo do ferro”.
O profissional alerta para a necessidade de exames complementares, como por exemplo “o índice de saturação de transferrina e a capacidade total de ligação do ferro. A partir disso se pode interpretar e diagnosticar com precisão a situação clínica de cada paciente, de forma individualizada”, frisa.
Sintomas de ferritina baixa
A produção das hemácias pela medula óssea requer ferro para a síntese da hemoglobina e, quando não existe essa substância de forma adequada, há a anemia. “Mas deve ser lembrado que este problema é, em sua maioria, um sinal tardio de uma deficiência crônica de ferro, sendo a alteração da ferritina muito mais precoce que a queda de hemoglobina”, avalia o médico.
Os sinais e sintomas mais comuns da ferritina baixa têm relação ao déficit energético que a baixa disponibilidade de ferro causa, como acrescenta o médico:
- Fadiga;
- Indisposição;
- Sono irregular;
- Pele ressecada;
- Queda de cabelos;
- Unhas quebradiças;
- Sintomas depressivos;
- Problemas de memória;
- Problemas de imunidade;
- Disfunção do trato digestivo
Além da deficiência de ferro, os baixos níveis de ferritina também podem ser causados por:
- Perda significativa de sangue;
- Doença celíaca;
- Intolerância ao glúten;
- Hipotireoidismo;
- Ciclo menstrual intenso;
- Gravidez.
Sintomas de ferritina alta
Enquanto a principal causa de ferritina baixa é a deficiência de ferro, a razão maior da proteína elevada não é o excesso desta substância. Por vezes resulta de uma doença de cunho genético chamada hemocromatose, doenças do fígado e certos tipos de câncer.
“No entanto, estas causas são muito menos frequentes que a principal delas: a inflamação crônica. Esta é associada a uma imunidade deficitária, excesso de gordura e perda de massa muscular e o desenvolvimento de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão”, avalia Arthur Ribeiro.
Portanto, na imensa maioria das vezes, uma ferritina aumentada quer dizer que o indivíduo provavelmente está inflamado e não com excesso de ferro no corpo. Os sintomas de níveis altos de ferritina são pouco específicos e podem ser confundidos com muitas outras doenças e causas. Por conta disso, em um primeiro momento, pode ser difícil identificá-los. Com relação ao excesso de ferro no organismo, podem ser observados sintomas como:
- Perda de peso;
- Arritmia cardíaca;
- Dores nas articulações;
- Impotência;
- Alterações no ciclo menstrual.
Tratamento e suplementação
Não existe um suplemento para baixar a ferritina, relata Arthur Ribeiro. “O correto para regulação dos níveis é um tratamento metabólico multifatorial, que pode envolver mudanças no padrão alimentar, rotina de exercícios, qualidade do sono, manejo do estresse, outros tipos de suplementos e até medicamentos, com foco no tratamento da inflamação”, adiciona.
Já uma ferritina muito baixa, frisa o médico, necessita de reposição de ferro no organismo, enquanto a melhor via para esta reposição deverá ser avaliada de forma individual. Via de regra, a reposição injetável intravenosa (na veia) é muito superior a outras vias, como a reposição oral.
Alimentos indicados para uma dieta que pretenda auxiliar na diminuição da ferritina: ricos em ferro como carne vermelha, verduras escuras (espinafre, couve e brócolis), além de reduzir o consumo de feijões e leguminosas, frutas cítricas, suplementos que contenham ferro e alimentos industrializados enriquecidos com ferro e vitamina C.
Alimentos indicados para aumentar os níveis de ferritina: deve-se incluir na dieta alimentos ricos em ferro. Carnes: vermelha, frango, peixes e carne de porco. Além disso, a carne vermelha também fornece vitamina B12, a qual trabalha em parceria com o ferro e é fundamental para a produção de células.
As doenças que aumentam a ferritina, mas não o ferro em si são:
- Alcoolismo;
- Hepatite (inflamação do fígado);
- Esteatose (acúmulo de gordura no fígado);
- Mau funcionamento do metabolismo;
- Obesidade;
- Anemia;
- Problemas nos rins;
- Leucemia (câncer que atinge os glóbulos brancos);
- Doença de Hodgkin (câncer do sistema linfático);
- Uso excessivo de suplemento de ferro;
- Hemocromatose (doença genética que causa o acúmulo excessivo de ferro no organismo);
- Tireotoxicose (excesso de hormônio tiroidiano);
- Infarto
Ferritina e gravidez
É crítica e fundamental a importância da avaliação da ferritina, defende o médico, bem como de outros marcadores inflamatórios e exames que avaliam o ferro durante a gravidez, onde existe uma crescente demanda de ferro para a formação da placenta, volume sanguíneo materno e formação do feto. “Ela é uma ferramenta fundamental a ser monitorada e otimizada o quanto antes, de preferência antes da gestação, no que se chama de programação fetal, realizada por um profissional de saúde especializado”, analisa.
* Arthur Ribeiro é médico especialista em medicina interna com residência [Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza e Hospital Universitário Walter Cantídio -UFC] e especialização [UFC]. Atua no tratamento de pacientes graves em UTI há mais de 10 anos e também como professor e preceptor de medicina. Possui certificações internacionais em medicina integrativa. Membro da A4M, Nutrition Network e diversas outras formações em medicina metabólica. É praticante de jejum intermitente e dieta cetogênica há mais de cinco anos.