Francisco Eufrásio Guerra, 71, o 'Guerra', é subtenente da Polícia Militar e pai do foragido da Justiça, Alban Darlan Batista Guerra, 24, um dos chefes do Comando da Laje. O praça da PM foi condenado pela Justiça estadual em agosto de 2018 por ter negociado, de forma irregular, a compra de uma arma de fogo, a qual foi parar nas mãos do filho. O policial militar foi preso em outubro de 2017 e ficou detido por pouco mais de nove meses, até sair a decisão do juiz Ricardo Bruno Fontenelle, da Comarca de Caucaia, que o liberou.
Conforme a investigação realizada pela Polícia Civil do Município, após Darlan ser preso com uma pistola calibre .380, foi descoberto que o armamento estava sendo negociado pelo pai do foragido com um homem da cidade do Crato, no Cariri cearense.
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A informação foi confirmada pelo próprio subtenente, durante depoimento. Segundo o PM, o valor da arma girava em torno de R$ 4 mil, e o equipamento não possuía nenhum registro.
Eufrásio Guerra foi condenado pela Justiça cearense a dois anos de prisão pelo crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, por ter adquirido o material de forma irregular. Contudo, ele já havia cumprido nove meses em regime fechado. Desta forma, houve conversão da pena a medidas restritivas, como a prestação de serviços comunitários e a prestação pecuniária no valor de dois salários mínimos.
Na denúncia oferecida à Justiça pelo Ministério Público do Ceará (MPCE), o órgão argumenta que o subtenente "é pessoa que, nitidamente, fomenta o crime, este, nas suas mais diversas modalidades. Incentiva assassinatos na medida em que oculta a localização de seu filho, reconhecidamente homicida, lhe obtendo armas de fogo. Incentiva o tráfico de drogas, pois o filho dele é tido como um dos sujeitos que mais articulam a venda de drogas em Caucaia".
A Polícia Civil descobriu que a arma - com a qual Darlan foi capturado, e o pai dizia estar negociando com uma pessoa da cidade do Crato - era na verdade de um policial militar do Estado do Piauí. Eufrásio Guerra disse, em depoimento, desconhecer tal pessoa.
Em outro depoimento prestado, o PM condenado ressaltou que "queria só defender seu filho, e por isso disse para os policiais que a arma era sua". Para, logo em seguida, retroagir na argumentação e ponderar que "estava negociando a arma com uma pessoa e que não sabia se essa pessoa tinha porte".
Nas alegações finais do processo, o promotor de Justiça Nestor Rocha Cabral, do Ministério Público do Ceará, afirmou que "o acusado foi contraditório e o tempo todo tentou se esquivar das perguntas. Ora se fazendo de 'desentendido', como se não tivesse nenhum conhecimento das atividades criminosas praticadas por seu filho, ora se passando por 'coitadinho', enfatizando o tempo todo o seu estado de saúde".