O subtenente da Polícia Militar do Ceará (PMCE) Reginaldo Alves da Silva, 52, foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE), na última quinta-feira (2), por matar o vizinho de 18 anos e balear um amigo da vítima, 26, no bairro Paupina, em Fortaleza, no último dia 6 de novembro.
A acusação se deu pelos crimes de homicídio qualificado (contra Diogo dos Santos Lima) e tentativa de homicídio qualificado (identidade preservada), ambos com a qualificadora de circunstância que dificultou a defesa da vítima. O MPCE aguarda a decisão da 2ª Vara do Júri sobre a denúncia.
Conforme o documento assinado pelo promotor de Justiça Ythalo Frota Loureiro, testemunhas contaram que o policial militar estava de folga e a paisana quando viu os dois jovens em uma motocicleta e decidiu abordá-los. Diogo informou que estava no local para pegar um documento em sua casa, e ele e o amigo levantaram a blusa para mostrarem que não estavam armados. Mesmo assim, Reginaldo disparou a arma de fogo, matando Diogo e baleando o outro jovem na panturrilha da perna direita.
A Polícia Militar foi acionada e uma equipe chegou ao local. O subtenente se trancou dentro de casa e disse que não iria se entregar e que ainda se mataria. Depois de uma hora de negociação com colegas de farda, o PM se entregou, vestido com um colete balístico e armado com uma pistola calibre Ponto 40, pertencente à Corporação, com três carregadores e 29 munições intactas.
O Ministério Público do Ceará afirma ainda que Reginaldo Alves da Silva foi descrito por vizinhos como "valentão" e que o mesmo já teria tentado matar a tiros o próprio sobrinho.
Em depoimento à Polícia Civil do Ceará (PCCE), Reginaldo alegou que viu os dois jovens, que estavam em uma motocicleta, colocarem a mão na cintura, como se estivessem armados. Então, em legítima defesa, o PM afirma que sacou a arma de fogo e atirou contra as pernas dos possíveis suspeitos, sem intenção de matá-los. A defesa do policial não foi localizada para comentar o assunto.
MPCE pede acesso a dados telefônicos
Além de denunciar o policial militar, o Ministério Público pediu à Justiça autorização para os investigadores realizarem perícia e extraírem os dados do aparelho celular apreendido com o acusado.
"No caso particular dos autos, a perícia do celular mostra-se relevante, já que possibilitará verificar eventuais dados que denotem os contatos prévios e posteriores, buscando possíveis elementos que auxiliem na melhor e mais ampla elucidação do crime", justificou o promotor de Justiça.