A Justiça Estadual soltou seis acusados de integrar uma facção criminosa carioca e de atuar no tráfico de drogas no bairro Bom Jardim, em Fortaleza, menos de um mês depois do Ministério Público do Ceará (MPCE) apresentar denúncia contra o grupo.
O juiz da Vara de Delitos de Organizações Criminosas aceitou, no dia 14 de janeiro último, o pedido de relaxamento da prisão feito por Francisco Rafael Gomes Furtado, conhecido como 'Bacura', ao acatar o argumento da defesa do réu de extensão do benefício - soltura - que foi concedido para a mãe de Francisco Rafael, Vanilde Severiano Gomes, em 26 de novembro do ano passado. Na ocasião, o juiz entendeu que a prisão devia ser relaxada devido ao excesso de prazo.
Desta vez, o magistrado já estendeu o benefício aos outros acusados que estavam presos, Anderson dos Santos, o 'Biel'; Washington Oliveira Furtado, o 'Bostinha'; Daniele Gomes Lopes (irmã de 'Bacura'); Jucilane Ferreira da Silva; e Francisca Luciele Silva Mendes.
Já Edmar da Silva e Francisco Eduardo dos Santos Sousa, o 'Cabelo', que ainda não foram localizados pela Polícia, seguem com mandados de prisão em aberto.
A decisão judiciária foi contrária ao posicionamento do MPCE, que pediu pela manutenção da prisão de 'Bacura' e alegou "que analisando o caso concreto de cada réu, ambos (mãe e filho) possuem condutas periculosas divergentes".
O advogado Gilson Alves, que representa a defesa de Francisco Rafael, afirma que a decisão judicial é "justa e coerente, haja vista, o excesso de prazo na formação da culpa".
Sobre a acusação contra o cliente, "a defesa não ratifica os termos da peça delatória, anotando-se que o ora representado não tem interesse de se furtar do presente processo, possibilitando, assim, a comprovação de sua inocência ao final", disse Gilson.
Denúncia contra quadrilha
O Ministério Público do Ceará, através do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), ofereceu denúncia contra sete suspeitos de integrar a facção criminosa carioca, no dia 17 de dezembro de 2020. Entretanto, não foram denunciadas a mãe e a irmã de 'Bacura', Vanilde e Daniele Gomes respectivamente, nem Jucilane da Silva.
Conforme a denúncia, a investigação partiu da apreensão de drogas com 'Bacura', realizada na Favela da Rua Itu, no Bom Jardim, em maio de 2019. No momento da abordagem, o suspeito conseguiu fugir.
Álisson Queiroz Garcia, o 'QG', é apontado pelo MPCE como o líder do grupo criminoso e assumiu o comando do tráfico de drogas na região após o assassinato da rival Patrícia Magalhães Bezerra, no dia 5 de maio de 2019.
Já 'Bacura' é a liderança que está abaixo de 'QG' na hierarquia da facção e, segundo o MPCE, conta com a ajuda da família na atividade criminosa.
'Bostinha' é apontado como um dos vendedores da droga e um homicida da quadrilha. Francisca Luciele, namorada dele, seria responsável por vigiar a região, guardar imóveis utilizados como esconderijos e ameaçar rivais. 'Biel' seria outro responsável pelos assassinatos dos algozes do grupo.
Já 'Cabelo' atuaria no abastecimento de droga na região e na extorsão de moradores. E Edmar era companheiro de Patrícia e comparsa no tráfico de drogas e teria perdido força na região com o assassinato da mulher.
O grupo foi acusado pelo Ministério Público pelos crimes de associação para o tráfico de drogas e organização criminosa. Mas a denúncia ainda não foi avaliada pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas. As defesas dos outros acusados não foram localizadas.