A professora Priscila Martins Vieira deve ir a júri popular no próximo dia 25 de fevereiro, em sessão de julgamento telepresencial. A mulher é acusada de homicídio triplamente qualificado contra o esposo José Eduardo Alexandre da Silva. O crime aconteceu em 2010 e, conforme o relatório final da Polícia Civil do Ceará (PCCE), a ré teria envenenado a vítima.
A sessão deve ter início às 9h30 e há previsão de serem ouvidas cinco testemunhas da acusação e três da defesa. Conforme decisão da Justiça, o julgamento será no 1º Salão do Júri do Fórum Clóvis Beviláqua, presencialmente, ou virtualmente por meio do sistema próprio do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE). A data foi marcada em novembro de 2020, mais de 10 anos após o assassinato.
Na denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE) consta que o casal vivia maritalmente havia quatro anos e o relacionamento era conturbado por brigas e discussões violentas, normalmente relativas a ciúmes por parte da acusada. Conforme a acusação, o casal morava na mesma casa, mas eles dormiam em quartos diferentes desde que Priscila descobriu que Eduardo se relacionava com outra mulher. A criminosa teria utilizado recurso que impossibilitou defesa da vítima.
Em 2 de março de 2010, data do crime, José Eduardo comprou uma sopa e levou para casa, onde a companheira estava. A vítima começou a passar mal de madrugada, ainda em casa, no bairro Serrinha, e foi levada por um amigo ao hospital.
Na saída do condomínio, Eduardo ainda teria dito ao porteiro "seu Antônio, a mulher me matou". Ele morreu instantes após dar entrada na unidade. O advogado Nasareno Saraiva, assistente da acusação, afirma que a família aguarda a justiça ser feita, mesmo que tardia. Conforme Saraiva, a demora para o júri é devido a um número exagerado de recursos colocados em 10 anos.
"Nossa expectativa é justiça. O computador dela passou por perícia e foi encontrada busca recente na época de como potencializar mistura de remédios para envenenar. Eles viviam juntos há anos, ela tinha consciência do que podia fazer mal a ele. Tinham costuma de jantar sopa e a alta dosagem de medicamento foi diluída dentro", detalhou o advogado.
A defesa da acusada é feita pela Defensoria Pública do Ceará, que pede absolvição da professora, alegando não existirem provas do envolvimento dela na morte do companheiro. Na defesa de Priscila, ainda no início do processo, o defensor destacou que ela não teve acesso à sopa, e somente uma "mente maquiavélica" pensaria que houve envenenamento em tais condições.
Inquérito
Segundo o inquérito da Polícia, Priscila Vieira teria dito à irmã da vítima que ela teria cometido o crime. A irmã foi ao hospital onde Eduardo era atendido e encontrou a cunhada no corredor, andando de um lado para o outro e aparentando nervosismo. Quando a irmã pediu que Priscila se acalmasse, ela teria dito: "Laurinha, eu matei o Eduardo. Eu matei o teu irmão".
Episódios ocorridos nos dias seguintes à morte de Eduardo chamaram atenção da Polícia, como a festa que a viúva promoveu três dias após a tragédia, no apartamento do casal. Foram quase oito meses até que os investigadores concluíssem o inquérito e Priscila fosse indiciada por homicídio com emprego de veneno.
Em novembro de 2010, o delegado Valdir Passos, então titular do 8º Distrito Policial (Conjunto José Walter), concluiu que "todos os indícios e provas testemunhais apontam para um envenenamento".