Policial rodoviário federal vai a julgamento nesta quarta (30) por matar empresário há oito anos

Família de vítima pede por Justiça. Enquanto isso, réu pelo crime segue em atividade em órgão público

Um crime sem motivação clara, que chocou a população de uma pequena cidade cearense. Mais de oito anos depois, o policial rodoviário federal Alisson Francelino Primo vai a julgamento na próxima quarta-feira (30), a partir de 9h, no Fórum de Paramoti, por matar o empresário Francisco Benedito Barbosa Gama, conhecido como 'Bené', no dia 25 de julho de 2010, no Município que fica a 100 km de distância de Fortaleza.

O momento poderá encerrar uma longa espera da família da vítima. Irmã de Bené, a comerciante Celina Gama aguarda por Justiça.

"A gente sempre pediu que fosse feito Justiça. Nós confiamos muito na 'Justiça de Deus', em segundo na 'Justiça dos homens'. Não é fácil você ter um ente querido, chegar uma pessoa na frente da sua casa, executá-lo e ir embora. E nada mais aconteceu depois disso. São oito anos de espera".

O policial rodoviário será julgado por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa da vítima) e tentativa de homicídio, a partir de 9h. Assistente de acusação do caso, o advogado Leandro Vasques espera que o réu seja condenado, preso e perda a função pública. "A família se vê enlutada pela eternidade. Uma dor que nenhuma língua humana é capaz de traduzir. Talvez a condenação do acusado sirva basicamente de um alívio, para que a família se sinta com a justiça realizada", justifica.

Durante o processo, a defesa de Alisson alegou que ele pensava que seria assaltado pela dupla e agiu para evitar a ação criminosa. Os advogados que representam o réu não atenderam aos telefonemas da reportagem.

Alisson Primo ficou detido por apenas 26 dias. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) confirmou, em nota, que o agente de segurança segue em atividade. Em relação ao homicídio, o órgão informou que o caso "foi devidamente apurado pela Corregedoria da PRF, através de Processo Administrativo Disciplinar, sendo ao final arquivado pelo então Ministro da Justiça, o Exmo Sr. José Eduardo Cardoso no Despacho 1.246 de 5/11/2013, publicado no Diário Oficial da União no dia 06/11/2013".

Relembre o crime

Conforme a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), por volta de 19h de 25 de julho de 2010, o acusado estava em um veículo, namorando com a companheira, ao lado da fazenda onde morava 'Bené', na Zona Rural do Município, quando a vítima chegou junto de um amigo, em uma motocicleta.

'Bené' tentou entrar pelo portão da frente da propriedade, mas estava trancado, e se direcionou junto do colega para uma entrada na lateral. Ao passarem pelo veículo Chevrolet Vectra Sedan, onde se encontrava o casal, os amigos foram surpreendidos com tiros de armas de fogo. O motociclista fugiu com apoio do veículo; enquanto Francisco Benedito foi alvejado, tentou correr para um matagal, porém sofreu novos tiros pelas costas. O homem, que tinha 37 anos na época, chegou a ser socorrido a uma unidade de saúde, mas não resistiu aos ferimentos.

Francisco Benedito era empresário do ramo de cerâmica e coordenador da Associação dos Apicutores do Ceará. Ele era tido como um homem trabalhador pela família e pela população de Paramoti, segundo a irmã Celina Gama. "Meu irmão era a coluna da família. Tudo era com ele. Não só da família, mas de muita gente de dentro da cidade. Ele dava suporte de trabalho para 30 famílias. Ele (autor do crime) acabou com nossa vida, com tudo", lamenta.