Os 43 policiais militares presos por deserção, quando deveriam ter se apresentado para o trabalho, mas não o fizeram, passam por uma audiência de custódia na manhã desta quinta-feira (27), na Vara Única e Privativa de Audiências de Custódia, localizada no Centro da Capital. Segundo o Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE), os PMs se apresentam em grupos de cinco. A audiência irá definir se eles continuam presos ou serão liberados.
Ao todo, chega a 47 o número de policiais militares presos desde o início da paralisação de grupos dos agentes de segurança no Ceará. Além dos 43 detidos por deserção, outros 3 foram presos em flagrante por participação no motim e 1 por ter incendiado um veículo no Crato.
No caso do Cariri, o policial foi liberado no mesmo dia. Já o trio capturado ainda no dia 18 de fevereiro (1º dia da paralisação) já passou por audiência de custória e continua presos. Eles estavam "secando os pneus de uma viatura da PMCE. Os militares estavam armados no momento das prisões", informou a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).
Ainda de acordo com a SSPDS, do total de policiais presos por deserção, 38 se apresentaram espontaneamente e outros cinco foram detidos. Além destes, há outros cinco que justificaram suas ausências no trabalho e foram liberados em seguida. Segundo a Polícia Militar, os PMs presos estavam "isolados e sem contato com presos comuns no sistema penitenciário do Estado". A decisão "segue as regras do artigo 295 do Código de Processo Penal".
Prorrogação da GLO
Sem consenso com os policiais militares (PMs) amotinados, o governador Camilo Santana (PT) solicitou, ontem, ao Governo Federal, a prorrogação do decreto da Garantia da Lei da Ordem (GLO) no Ceará. A medida busca a autorização da continuidade da atuação das Forças Armadas na Segurança Pública do Estado, em crise há nove dias com a paralisação de grupos de PMs. Nem o Governo do Estado nem o Governo Federal informaram de quantos dias é o pedido de prorrogação.
Assinado na semana passada, o decreto presidencial que autoriza a operação GLO no Estado está previsto para se encerrar amanhã (28). Do dia 19 deste mês até a última terça-feira (25), 195 homicídios foram registrados no Ceará.
Os motins começaram após grupos de policiais rejeitarem uma proposta de reajuste salarial para policiais e bombeiros militares enviada pelo governador à Assembleia Legislativa neste mês, após acordo com associações representantes da categoria A proposta foi acordada com líderes das entidades, mas rejeitada pela tropa. O Governo já estabeleceu punições a policiais amotinados, que vão de afastamento, investigação e até prisão. A gestão também tem negado possibilidade de anistia.