Policiais militares que agrediram, ameaçaram e até rasgaram a roupa de suspeitos, em um vídeo gravado há quase três anos, no Município de Cascavel, ainda não foram punidos. A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) informou que continua a investigar o caso na área administrativa-diciplinar.
Na seara criminal, o Ministério Público do Ceará (MPCE), através da Promotoria de Justiça Militar e Controle Externo da Atividade Policial Militar, solicitou à Polícia Militar do Ceará (PMCE), em dezembro de 2018, que instaurasse Inquérito Policial Militar para apurar indícios de tortura no caso. Em 29 de janeiro de 2021, a Polícia Militar concluiu que três policiais cometeram crimes militares. Mas o processo ainda não teve denúncia do MPCE.
O vídeo voltou a circular nas redes sociais nesta semana, quase três anos depois. Questionada sobre as agressões, a PMCE disse apenas que a demanda da reportagem seria respondida pela CGD.
No vídeo, um policial militar - que já foi candidato a vereador por Cascavel - mostra um "santinho" da sua campanha, que estaria na posse de um dos suspeitos, o qual, segundo o PM, tinha a intenção de encontrar e matá-lo. Então, o agente de segurança ameaça o rapaz detido:
Tu avisa ao 'Brunim' que venha ele e outra carrada, viu? E quando tu sair da cadeia, eu tô te esperando."
Depois, o mesmo policial chama outro suspeito de "vagabundo", "pilantra" e "fuleragem" e bate no peito do mesmo. O militar ainda manda outros dois PMs rasgarem a blusa do terceiro suspeito. Os agentes de segurança cortam a camisa com uma faca.
Por fim, os policiais interrogam os suspeitos sobre o passado criminoso. Um deles afirma que responde a tráfico de drogas e associação para o tráfico e que rompeu uma tornozeleira eletrônica pela qual era monitorado, no bairro Autran Nunes.
Apesar de um dos suspeitos dizer que mora no Autran Nunes e outro no Antônio Bezerra, em Fortaleza, a abordagem ocorreu no bairro Guanacés, em Cascavel.
PM alega que suspeitos queriam matá-lo
Ao ser interrogado no Inquérito Policial Militar em dezembro de 2020, um agente de segurança alegou que não lembrava da data do vídeo e que descobriu que os suspeitos queriam matá-lo. Segundo o militar, o trio foi detido com uma quantidade de maconha, em uma residência, na ocasião.
A Controladoria Geral de Disciplina confirmou, por nota, que o militar "responde a processo administrativo disciplinar, estando este em fase de instrução processual". A reportagem apurou que ele também responde a um processo criminal por calúnia na Justiça Estadual.