Os policiais militares presos na Operação Maçãs Podres teriam deixado de efetuar a detenção de um homem com mandado de prisão em aberto, para extorqui-lo, em Fortaleza. É o que mostra uma ligação entre 2 PMs, em uma interceptação autorizada pela Justiça Estadual. Os áudios dessa e de outras negociações criminosas foram repassados pelo Ministério Público do Ceará (MPCE).
Na ligação, os militares confirmam que o homem é foragido da Justiça e combinam como devem abordá-lo, em uma sorveteria dele e da esposa. "Na hora que pegar ele, a mulher dele fica louca, aí corre atrás de arranjar o 'faz-me rir' (dinheiro)", afirma um PM. Depois, o mesmo policial diz: "É 'showzinho de bola'. Vá por mim, dá certo. Vamos ver se pega ele hoje".
"Pois eu vou imprimir o papel aqui. Qualquer coisa, eu te ligo aí. Se ele tiver lá, nós vamos lá", responde o outro policial militar. Confira o áudio:
Policial militar oferece droga a traficante
Em outro áudio obtido pela investigação, um policial militar que apreendeu 2,5 kg de cocaína liga para um suposto traficante para vender a droga por R$ 20 mil. "Tem comprador para a amarela (cocaína), não?. Tem 2,5 (quilos). Vê aí quanto é que paga, eu dou a 8 contos (mil reais) a pedra (1 Kg). Eu tô com a foto", oferece o PM.
O homem chega a perguntar por maconha ("preto"). "Tem não. Vê aí se tu consegue alguma coisa, que tem que desenrolar de hoje para amanhã. Se tu arranjar a compra aí, te dou amostra aqui. Vê se consegue pelo menos meia, a 4 contos (mil reais), é mixaria (preço barato)", responde o policial. Confira o áudio:
O Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do Ministério Público, também identificou uma negociação entre um PM e um suposto traficante, com o objetivo de apreender duas armas de fogo de um proprietário de uma pizzaria. Confira o áudio:
Militares e traficantes presos na Operação
Dez policiais militares foram presos na primeira fase da Operação Maçãs Podres, no último dia 2 de agosto. Já 11 supostos traficantes foram detidos na segunda fase, nesta sexta-feira (30). Os servidores públicos são acusados de integrar uma quadrilha que se ligava a outros criminosos da Região do Grande Bom Jardim, na Capital, para cometer os crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, extorsão, corrupção ativa e passiva, porte e posse ilegal de arma de fogo e organização criminosa.