Pistoleiro do CV é suspeito de cometer 21 homicídios

Suspeito de cometer 21 homicídios - dos quais 11 já foram elucidados pela Polícia e dez estão sendo investigados. Participante confesso da Chacina de Quixeramobim, ocorrida há menos de dois meses. Com essa ficha criminal, aos 24 anos, Isaías Maciel da Costa, vulgo 'Mucuim', é considerado pela Polícia Civil do Ceará (PCCE) o principal pistoleiro do Sertão Central. Ele foi preso em Quixadá, no último dia 9 de agosto, um dia depois de matar um comerciante de Quixeramobim; e apresentado à imprensa apenas ontem.

De acordo com a Polícia, Isaías era financiado pela facção Comando Vermelho (CV), da qual é integrante, para se especializar em disparos de armas de fogo. Temido na região, um 'prêmio' de R$50 mil por sua morte foi estabelecido pela facção rival, o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Vaidoso e exibicionista, 'Mucuim' se vangloria dos homicídios que cometeu, segundo o delegado titular de Quixeramobim, Huggo Leonardo de Lima. O pistoleiro se gaba, por exemplo, de um assassinato efetuado com 44 tiros. O que representa pouco, se comparado aos mais de 5 mil disparos que ele alega ter efetuado em matagais ermos do Sertão, durante o treinamento financiado pelo CV para matar membros do PCC. A perícia de Isaías com as armas surpreende até mesmo os agentes da segurança pública.

"Pelas filmagens, a gente percebe que ele sabe atirar, que conhece armamento. Ele acertou três tiros numa velocidade impressionante. Não foram tiros esporádicos, foram tiros treinados", sublinha o delegado.

"Ele era bem hábil. Quem assiste ao vídeo acredita que foi somente um disparo", complementa o delegado regional de Quixadá, Marcos Vinícius Damasceno. Para os investigadores, o CV utilizou a morte do pai de Isaías para incitá-lo a se especializar na execução dos rivais.

Comerciante

Na semana passada, Quixeramobim, cidade-natal do pistoleiro, foi palco do assassinato do comerciante Leonardo Ribeiro. As apurações do crime levaram à prisão de 'Mucuim'. O pistoleiro acreditava que o empresário, primo de um membro do PCC, tinha guardado as armas dos responsáveis pela morte do seu pai - o que não é confirmado pela Polícia. E planejou o assassinato de Leonardo passo a passo: alugou uma residência atrás do comércio da vítima e estudou a rotina dele durante três dias. No entanto, o suspeito contou que agiu somente após receber o aval da facção. Ele chegou a vestir uma farda de uma empresa, para se disfarçar.

O delegado Huggo Leonardo conta que, após o homicídio, o pistoleiro fugiu em um veículo de apoio, dirigido por Aline Érika Bié, esposa de outro membro do CV. Eles fugiram para o apartamento dela, no bairro Alto São Francisco, em Quixadá. O imóvel servia de base para as ações da facção na região.

Através de imagens de câmeras de monitoramento, a Polícia chegou ao local. Mucuim' acreditava estar escondido, mas, na noite do dia 9 de agosto, duas viaturas das Polícias Civis de Quixeramobim e Quixadá, apoiadas pelo Departamento de Policiamento do Interior Sul (DPI-Sul), cercaram a residência e conseguiram capturá-lo.

Surpreso, o pistoleiro resistiu à prisão e entrou em luta corporal com os policiais, mas foi dominado. Com ele, foram apreendidos uma pistola Ponto 40, com 36 munições; 68 munições Ponto 380, dois carregadores Ponto 40 e um carregador Ponto 380. O Ford Ka usado na fuga também foi apreendido. Aline Bié estava no local e também foi detida, apontada como coautora dos mesmos crimes de 'Mucuim'.

O pistoleiro foi autuado pela Polícia Civil por homicídio qualificado, organização criminosa, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, receptação e adulteração de veículo.

Chacina

"Na entrevista, ele fez questão de contar tudo. Não temos dificuldade de extrair informações dele", afirma o delegado Marcos Vinícius. Tanto é que Isaías confessou a participação na Chacina de Quixeramobim, quanto tentou "fazer justiça com as próprias mãos", segundo a Polícia. Para o criminoso, a ordem para matar o seu pai partiu do PCC e as quatro pessoas executadas, no dia 28 de junho deste ano, faziam parte da organização.

O ódio pela facção rival parece não ter fim para o suspeito detido. "Ele até falou que poderia passar 60 anos preso, mas, quando saísse, ia acabar com o integrante da facção rival que ofereceu R$50 mil pela cabeça dele. Ele sabia e era justamente por isso que agia e andava só", descreve o delegado Huggo Leonardo de Lima. Segundo ele, membros do Primeiro Comando da Capital chegaram a deixar o Município de Quixeramobim com medo de serem as próximas vítimas de 'Mucuim'.