Passados sete dias da morte de Shyslane Nunes de Sousa, de 24 anos, a família da universitária permanece com dúvidas relacionadas à ação da Polícia Militar, durante a tentativa de assalto no Conjunto Industrial, em Maracanaú, que vitimou a jovem. Francisco Roberto de Sousa, 44, pai de 'Shys', assim chamada carinhosamente por amigos e familiares, lembra que a filha foi alvejada com três tiros que, de acordo com testemunhas do confronto, teriam partido dos policiais.
Faltava cerca de 50 metros para a universitária chegar em casa, quando por volta das 23h, foi abordada por um casal, que estava praticando assaltos, na noite do último dia 14. De acordo com Sousa, uma viatura das Rondas Ostensivas com Cães (Roca), que nunca havia sido vista por ele na região, teria flagrado o assalto e interveio.
"Eles sabiam que era um casal de assaltantes, mas quando abordaram tinha três pessoas. Não pensaram em resguardar a vida da minha filha Shyslane. A bala que a atingiu foi de grosso calibre e a arma apreendida é um 32. Quero Justiça. Se foi o bandido, que pague. Se foi a Polícia, que pague. Quantas pessoas vão pagar com a vida essa violência?", questionou o pai da vítima, em entrevista exclusiva.
Ato
Na noite de ontem, centenas de pessoas se reuniram na Missa de 7º Dia da estudante de Gastronomia, que completaria 25 anos no próximo mês. Os amigos e conhecidos de Shyslane saíram em passeata pelas ruas de Maracanaú para homenageá-la e pedir segurança no Conjunto Industrial.
Sob pedidos de punição, Francisco Roberto afirma que a filha foi vítima ou do despreparo da Polícia ou da violência social, e ressalta que além da dor da perda, a dúvida que envolve a morte da primogênita é desesperadora. "Ela nasceu e cresceu aqui. Nunca tem Polícia, quando tem acontece um desastre desse".
Segundo o pai da estudante, o socorro prestado à jovem foi rápido e os policiais teriam mudado de atitude quando o irmão de Shyslane falou que ela era universitária e vinha da faculdade. O irmão da vítima contou aos familiares que a caminho do hospital foi questionado diversas vezes sobre quem era aquela garota no bairro.
"Ela desceu na parada do ônibus, já ia chegando em casa no horário de sempre. Como já estava bem perto de chegar, meu filho ouviu os gritos, foi até lá e a reconheceu já sendo colocada na viatura pelos policiais. Eles não podem adivinhar quem é bandido e sair atirando. Usaram um arsenal de guerra para a abordagem. Foi uma bala em cada pé e uma na coxa, que atingiu a veia femoral. Não podiam ter atirado no achismo. Ela passou 60 horas no IJF, perdeu muito sangue e teve dez paradas cardíacas", completou Francisco Roberto.
Investigação
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que a morte da universitária está sendo investigada pela Polícia Civil, por meio do 14ºDP (Conjunto Industrial) e a arma apreendida foi enviada para o exame de balística, na Perícia Forense do Ceará (Pefoce).
A Pasta ressalta que uma dupla foi captura por suspeita de envolvimento no caso. Jéssica Maria Jovino Mendonça, 18, e um adolescente foram autuados por roubo e homicídio. Jéssica deve responder por corrupção de menores. O jovem tinha passagens anteriores por porte ilegal de arma, receptação e roubo.