'Não existem áreas dominadas nem por Polícia, nem por bandido', diz secretário da Segurança

André Costa afirmou que um mapa que circula nas redes sociais, com Fortaleza dividida por facções criminosas, é 'fake'

“Não temos áreas dominadas nem por Polícia, nem por bandido. Nós temos algumas áreas com maior presença de criminosos, e áreas em que a Polícia predomina, entregando-as à população”. A declaração é do secretário da Segurança Pública e Defesa Social, André Costa, quando questionado sobre a disputa territorial de facções criminosas em Fortaleza, cujos efeitos refletem em casos de homicídios e na intimidação ou expulsão de moradores de comunidades da periferia da cidade.
 
Há algumas semanas, chegou a circular nas redes sociais um suposto mapeamento da Capital com os bairros divididos de acordo com o domínio das facções Comando Vermelho (CV), Guardiões do Estado (GDE) e Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo o secretário, “é um mapa totalmente fake”. “Nós temos a presença das facções em territórios pequenos, sim. Mas alguns, onde antes duas facções disputavam, hoje estão nas mãos da população, porque a Polícia tomou conta da região”, explica.
 
Para ele, a maior presença policial no dia a dia das comunidades tem feito cair os índices de homicídios, especialmente na Capital. “Sabemos que o desafio da segurança pública não vai ser resolvido do dia para a noite. Não existe solução pronta nem fórmula mágica, e nem vai ser resolvido apenas com a Polícia”, afirma, embora celebre a celeridade com que investigadores descobriram o acusado de expulsar moradores do condomínio residencial Cidade Jardim, no José Walter, durante o fim de semana.
 
Este, porém, não foi um caso isolado. Segundo a Defensoria Pública do Estado, 131 famílias procuraram o Núcleo de Habitação e Moradia denunciando o “despejo” de casa por ordens de criminosos, totalizando cerca de 520 pessoas atingidas entre novembro de 2017 e julho deste ano. O órgão explica se tratar de um sub-registro, já que muitas pessoas não procuram ajuda por medo de represálias. No entanto, André Costa rebate: “Uma coisa é falar nos últimos nove meses; outra, dos últimos dois, três. A gente sabe que tem caído bastante”.
 
Conforme o secretário, a SSPDS já realizou uma reunião com a Defensoria Pública, Ministério Público do Estado do Ceará, Habitafor, Secretaria das Cidades e a vice-governadora Izolda Cela para traçar estratégias sobre o tema. Uma das decisões foi o reforço da presença física da Polícia em condomínios do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na Capital. “No Alameda das Palmeiras (Ancuri), desde fevereiro estamos lá e não acontece homicídio”, exemplifica.
 
Outra base policial está instalada no residencial José Euclides Ferreira Gomes, no Jangurussu, e mais uma substituirá um caminhão hoje posto no Cidade Jardim. “Tínhamos disputas de território na Lagoa do Urubu, no Gereba, na Babilônia, no Lagamar, no Tancredo Neves. São áreas em que, agora, a Polícia está 24h porque a Inteligência apontou que é importante essa presença, independente do acionamento via 190”, analisa André Costa, adicionando que, durante a atuação, os policiais também escutam demandas da população quanto a ações de prevenção social e urbanização.