MP encontra indícios de uso da máquina pública para pressionar testemunhas no caso 'João do Povo'

O promotor de Justiça Titular em Granjeiro, Rafael Couto, afirmou que o objetivo da atual gestão era de pressionar e mudar depoimentos prejudicando as pessoas que estavam ajudando nas investigações

O Ministério Público do Ceará (MPCE) afirmou nesta quarta-feira (15) que existem indícios de que o atual prefeito de Granjeiro, Ticiano Tomé, utilizou a máquina pública para pressionar algumas testemunhas no caso do assassinato do antigo gestor, João Gregório Neto, o João do Povo, em dezembro de 2019

Segundo o promotor de Justiça Titular em Granjeiro, Rafael Couto, o objetivo da atual gestão era de pressionar e mudar depoimentos prejudicando as pessoas que estavam ajudando nas investigações. 

“Existem dentro do corpo das investigações indícios de que a máquina pública estaria sendo utilizada para pressionar possíveis testemunhas no inquérito policial de modificar depoimentos, trazendo lesões a essas pessoas que estavam colaborando com a investigação criminal. Isso vai ser apresentado nos autos”, afirmou Rafael Couto. 

O promotor apresentou o motivo da prisão do atual prefeito de Granjeiro. “O Ministério Público pontuou em sua manifestação o pleito de que o atual prefeito ao ser preso também foi afastado do cargo, pois não consideramos moral e adequado que um gestor administre um município da prisão e, sobretudo, por ter sido preso cautelarmente por haver indícios de que a máquina pública estava sendo utilizada para atrapalhar uma investigação”.

Por fim, Couto ainda deu um exemplo de como foi feita a pressão contra uma testemunha. Na ocasião, a prefeitura pediu para um permissionário entregar o bem para que o órgão realizasse uma obra que, segundo o promotor, não tinha nenhuma previsão para ter início.  

“Esse popular relatava que foi testemunha num inquérito policial e poucos dias após ter apresentado testemunho no inquérito policial recebeu uma comunicação do município determinando que ele viesse a entregar um bem que ele detinha como permissionário do município pela alegação de que o município iria realizar uma obra naquele bem. O Ministério Público solicitou informações contra essa contestação. O município nos encaminhou informações sobre um projeto que não tinha licitação, não estava no orçamento público, pelos elementos que nos foram apresentados, e não tinha nenhuma previsão para ser executado numa data próxima. Então, esses elementos demostram a utilização da máquina pública em nossa leitura para pressionar essa testemunha”, disse.

Operação Granjeiro

A Polícia Civil cumpriu nesta quarta 15 mandados de busca e apreensão e 12 de prisão, sendo nove preventivas e três domiciliares, nas cidades de Fortaleza, Crato, Juazeiro do Norte, Granjeiro e Salgueiro, em Pernambuco. Dentre os presos estão Ticiano Tomé, que também foi afastado do cargo de Prefeito Municipal, e seu pai, Vicente Félix de Sousa, além de um Policial Militar que, segundo as investigações, seria o articulador do crime.