Morte de estudante completa um ano

Inconformado, saudoso e vítima do descaso. Ao lembrar da morte de Shyslane Nunes de Sousa, 24, é assim que Francisco Roberto de Sousa, pai da universitária assassinada no Conjunto Industrial, Maracanaú, a poucos metros de casa, diz se sentir. Hoje, após um ano da morte da estudante, o autor dos disparos permanece solto.

A estudante foi atingida por três tiros, no dia 14 de março de 2017 e esteve internada no Instituto Doutor José Frota (IJF) durante os três dias seguintes. Há seis meses, a Perícia Forense do Ceará (Pefoce) divulgou laudo concluindo o que Francisco Roberto já suspeitava desde o dia do crime: a bala que feriu sua filha partiu da arma de um policial militar em serviço. 

Conforme o inquérito, Shyslane foi confundida com assaltantes que praticavam uma série de ataques no bairro. Na busca por respostas acerca do que foi feito com o PM responsável pelo erro, o pai da vítima foi informado que o inquérito, sequer, chegou, oficialmente, ao Ministério Público do Estado (MPCE).

Em nota enviada à reportagem, a Controladoria Geral de Disciplina (CGD) informou que foi instaurado um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) contra o policial, para apurar as circunstâncias da ocorrência. A CGD afirma que o procedimento se encontra em fase final, aguardando realização da audiência de qualificação e interrogatório do militar estadual, que se encontra afastado da função exercendo apenas atividades administrativas.

Nessa sexta-feira (16), o Ministério Público informou que os roubos cometidos naquela noite estão sendo investigados pelo promotor de Maracanaú, Ismael Capibaribe, que solicitou o exame de balística. Segundo o MPCE, os autos que se referem aos assaltos foram os únicos encaminhados ao órgão. No que diz respeito à morte de Shyslane, a Instituição afirmou estar aguardando os documentos. 

Lamento

Francisco Roberto reclama sobre a demora do trâmite para a resolução do caso e conta que, no último ano, não houve um dia em que não sofresse e pedisse a punição do responsável. “Toda a família está sofrendo muito desde a morte. Ela era muito querida. A dor é grande. Passou um ano e, mesmo assim, sinto essa dor todos os dias. Sinto muito a falta dela. Uma menina jovem e tão cheia de vida”.

O pai da universitária do curso de Gastronomia encara com tristeza a morte da filha e sente muito por ela ser tratada como mais uma, nas estatísticas da violência urbana. “O descaso é grande. Quero que o responsável seja punido”, disse.