Morreu a travesti baleada na madrugada desse domingo (1º), na Avenida Beira Mar, localizada no bairro Praia de Iracema, em Fortaleza. A vítima, identificada como Samylla Marry Windson, chegou a ser atendida em uma unidade de saúde, mas veio a óbito nessa segunda-feira (2). Dois suspeitos do crime, que haviam sido capturados, foram liberados após prestarem depoimento.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), uma equipe do Batalhão de Policiamento de Turismo (BPTur) chegou a fazer buscas pela região e capturou dois suspeitos. A dupla foi levada ao 13º Distrito Policial (Cidades dos Funcionários), onde foram liberados após um inquérito ser instaurado.
De acordo com a Pasta, a ocorrência foi transferida para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que continuará investigando o caso. A Instituição afirmou ainda que a população pode contribuir com o trabalho policial ao repassar informações sobre o caso. As denúncias podem ser feitas por meio do número 181, o Disque-Denúncia da SSPDS, para o (85) 3257-4807, do DHPP, ou ainda para o número (85) 99111-7498, WhatsApp do Departamento. Segundo o Órgão, o sigilo e o anonimato são garantidos.
Homenagem e sepultamento
De acordo com o assessor e amigo de Samylla, que não quis se identificar, a vítima possuía um salão de beleza em Fortaleza e trabalhava, ainda, com performances voltadas para o público LGBT. Uma nota de pesar foi publicada no perfil de Marry em uma rede social. A postagem se refere a ela como uma pessoa caridosa e sonhadora.
"Samylla era uma mãe, uma irmã, uma amiga, uma rainha, que acolhia a todos de braços abertos e ajudava os seres humanos e os animais o máximo que podia. Ela era uma pessoa íntegra, forte, que batalhava por todos os seus objetivos", diz a publicação. De acordo com o assessor, o sepultamento dela aconteceu às 9h desta terça-feira (3), em um cemitério localizado em Pacatuba, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
Crimes contra a população LGBT no Ceará
Somente neste ano, contra a população LGBT, foram registrados, no Ceará, pelo menos 32 assassinatos. Os dados são do Centro de Referência LGBT Janaína Dutra (CRLGBTJD), serviço da Prefeitura de Fortaleza.
De acordo com o Centro, é oferecido, por ele, apoio gratuito para a população LGBT "vítima de violação de direitos por orientação sexual e/ou identidade de gênero, por meio da orientação social, jurídica e do atendimento psicológico às vítimas". Os atendimentos podem ser solicitados pelo Disque 100.
A Associação das Travestis do Ceará (ATRAC) se manifestou, em nota, afirmando que repudia o aumento da violência contra a população de travestis e transexuais no Ceará, em 2020, e exigiu o posicionamento das autoridades, como a SSPDS e secretarias municipais, em relação ao casos.