Grupo criminoso na periferia de Fortaleza: 3 PMs e guarda municipal são presos em operação do MPCE

Dos PMs, dois são cabos e um soldado. No total, são 11 mandados de busca e apreensão

O Ministério Público do Ceará (MPCE) e a Controladoria Geral de Disciplina (CGD) por meio da Delegacia de Assuntos Internos (DAI) deflagraram a Operação Interitus, em Fortaleza, na manhã desta terça-feira (14). A reportagem do Diário do Nordeste apurou junto a uma fonte que participa da operação que três policiais militares e um guarda municipal foram presos.

[ATUALIZAÇÃO ÀS 13h45

Anteriormente o Diário do Nordeste havia informado que eram quatro militares presos. No entanto, fontes confirmaram que são quatro prisões no total, incluindo a do guarda. Em coletiva à imprensa, o promotor Adriano Saraiva detalhou que o "esquema criminoso" não se configuraria milícia,  atualizando a primeira informação que chegou aos veículos de comunicação através do release da coletiva.

Dos PMs, dois são cabos e um soldado. No total, são 11 mandados de busca e apreensão. 

A organização seria liderada por um dos militares.

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Todos eles são suspeitos de participarem de uma organização criminosa com atuação na Capital. O MP afirma que são atribuídos vários crimes ao grupo.

Eles estariam envolvidos em crimes como, extorsão, homicídio, comércio irregular de arma de fogo, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.

O promotor Adriano Saraiva disse que "a junção de todas as informações revelou o cenário de esquema criminoso praticando os mais diversos crimes" resultando na oferta da denúncia.

DENÚNCIA ANÔNIMA

Conforme o MP, a investigação do MPCE começou em 2021 partir do recebimento de um relatório da Coordenadoria de Inteligência da Polícia Civil relatando suposto esquema de uso indevido de sistemas policiais por agentes da segurança pública.

"Concomitantemente, chegou ao Gaeco denúncia anônima sobre a existência de uma milícia na periferia de Fortaleza, supostamente composta por policiais militares que estariam praticando uma série de crimes graves.

Além disso, a DAI também encaminhou material para o o Gaeco com provas de participação deste grupo na prática de diversos homicídios. "O trabalho investigativo do GAECO se prolongou até 2023 e confirmou o esquema criminosos, identificando um grupo formado por policiais militares e um guarda municipal com propósito de praticar os mais diversos crimes, em especial extorsão, homicídio, tráfico de entorpecentes e lavagem de dinheiro".

O delegado da Delegacia de Assuntos Internos (DAI), Eduardo Sampaio de Melo, destacou que durante as buscas foram apreendidas armas de fogo, drogas e veículos adulterados.

Ainda de acordo com o delegado da DAI, dois homicídios praticados pelo grupo criminoso aconteceram em frente a um shopping popular, no Jacarecanga, e o outro em uma residência no Cais do Porto.

DETALHES DA OPERAÇÃO

Em coletiva de imprensa foi informado que os suspeitos atuavam principalmente no bairro Barra do Ceará, na Capital. O Gaeco ofereceu denúncia em setembro de 2023 contra 11 indivíduos pelos crimes. A denúncia foi recebida pelo Poder Judiciário.

A coletiva contou com participação do procurador-geral de Justiça, Manuel Pinheiro, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO), promotor de Justiça Adriano Saraiva, o secretário de Segurança Pública do Estado do Ceará, Samuel Elanio de Oliveira; o coordenador da Coordenadoria de Inteligência da Polícia Civil (COIN), Nelson Pimentel; o delegado da Delegacia de Assuntos Internos (DAI), Eduardo Sampaio de Melo; e o Tenente Coronel da Polícia Militar, Francisco Alexandre Rodrigues de Souza.

Samuel Elânio, secretário SSPDS, destacou a proporção da operação e a parceria para cumprimento dos mandados. Nelson Pimentel, da COIN, acrescentou que "para a inteligência não existe crime que não possa ser elucidado. A Secretaria da Segurança Pública sempre estará atuando para combater maus policiais, criminosos que estão dentro da nossa Instituição".

VEJA NOTA NA ÍNTEGRA DA CGD:

A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário, por meio da Delegacia de Assuntos Internos (DAI), e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Ceará (GAECO-MPCE), com o apoio técnico da Coordenadoria de Inteligência (COIN) da SSPDS, deflagraram Operação na manhã desta terça-feira (14), tendo como foco o desmantelamento de uma organização criminosa integrada por policiais militares e um guarda municipal.

Conforme o material produzido ao longo da investigação, o grupo cometia crimes como extorsões, homicídios e lavagem de dinheiro.

Além disso, de maneira concreta, a DAI conseguiu identificar pelo menos 2 (dois) casos em que o grupo criminoso atuou de modo direto, sendo 3 (três) homicídios ocorridos entre 2018 e 2019.

Um dos casos, ocorrido em 2018, foi o homicídio praticado contra um motorista de aplicativo, nas proximidades do Centro Fashion, em Fortaleza/CE. Na ocasião, um dos investigados se envolveu em um pequeno acidente de trânsito instantes antes do crime, quando colidiu a motocicleta que conduzia contra o veículo do motorista de aplicativo. Então, alguns metros depois do local da batida, pelo simples fato da ocorrência do acidente, o investigado desferiu disparos de arma de fogo contra a vítima, vindo a matá-la no local.

No outro caso, um duplo homicídio ocorrido em 2019. A organização criminosa composta por policiais invadiu uma casa no bairro Cais do Porto, em Fortaleza/CE, e executou duas pessoas no local. Segundo a investigação, um grupo de 4 (quatro) homens encapuzados chegou ao local, identificou as vítimas e as executou com diversos disparos de arma de fogo. A possível motivação para esse crime seria desavenças pessoais de um dos investigados com uma das vítimas.

Além dos casos citados, outros 3 (três) homicídios, pelo menos, estão ligados aos investigados, além de diversos casos de extorsão.

Ao todo, são alvos da Operação 10 (dez) policiais militares e 1 (um) guarda municipal. Foram cumpridos 4 mandados de prisão e 11 mandados de busca e apreensão.

Durante o cumprimento das medidas, foram apreendidos diversos telefones celulares, além de substâncias entorpecentes, armas ilegais e veículos adulterados, o que ensejou a autuação em flagrante de 3 dos alvos, pela Delegacia de Assuntos Internos.