'Laranjas' tentaram vender veículos de líderes do PCC

Dois dos carros já estavam em São Paulo, mas foram trazidos para Fortaleza nesta semana e estão com a Polícia

Os homens apontados como "laranjas" dos líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) tentaram vender veículos de luxo dos criminosos Rogério Jeremias de Simone, o 'Gegê do Mangue', 41; e Fabiano Alves de Souza, o 'Paca', 38. As duas principais lideranças da facção em liberdade foram mortas no dia 15 de fevereiro deste ano, em Aquiraz. A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) conseguiu apreender os carros. Os dois últimos foram recuperados nesta semana.

Conforme uma fonte ligada às investigações ouvida pelo Diário do Nordeste, dois dos veículos, uma Range Rover e um BMW X6 já estavam em São Paulo, mas foram trazidos para o Ceará na semana passada e já estão no pátio da Draco desde a última quarta-feira.

A venda teria sido intermediada por meio dos irmãos José Cavalcante Cidrão e Francisco Cavalcante Cidrão Filho. De acordo com a investigação, os dois também seriam os "laranjas" que cediam os nomes na aquisição de imóveis de luxo comprados por 'Gegê' e 'Paca' na Capital cearense há cerca de um ano.

A fonte ouvida pela reportagem disse existir uma versão, mas que ainda está sendo investigada, de que dias antes de serem mortos, os dois líderes do PCC teriam orientado os irmãos Cavalcante a se desfazerem dos veículos, avaliados em cerca de R$ 2 milhões. Os carros foram deixados em uma revenda de veículos em Fortaleza por José Cavalcante Cidrão. Dois deles acabaram negociados com um comprador de São Paulo.

No entanto, após a descoberta dos corpos daqueles que até então eram considerados os principais líderes da organização criminosa em liberdade, a Polícia foi em busca dos veículos. Os dois carros que estavam em Fortaleza foram entregues à Draco no dia 22 de fevereiro. Porém, uma Range Rover e uma BMW X6 já haviam sido encaminhadas para São Paulo. Após dias de tratativas, a negociação foi desfeita e os bens trazidos de volta para Fortaleza, em um caminhão. Na última quarta-feira, já estavam no pátio da Draco.

Imóveis

Além dos carros, imóveis de luxo foram adquiridos pela cúpula do PCC em nome de "laranjas". Uma das mansões está situada em um condomínio na Lagoa do Uruaú, em Beberibe, no Litoral Leste do Estado. O advogado mineiro Emerson Pinheiro aparece como proprietário do imóvel adquirido por 'Gegê do Mangue' e 'Paca' por cerca de R$ 1 milhão. O advogado não foi indiciado pela Draco.

Além da casa em Uruaú, os líderes do PCC, mortos em uma emboscada, na Reserva Indígena Jenipapo Kanindé, em Aquiraz, adquiriram mais três imóveis, sendo duas casass de alto padrão nos condomínios Alphaville Fortaleza e Eusébio e um apartamento no bairro Cocó.

O imóvel no Alphaville Fortaleza foi adquirido por R$ 2 milhões. O montante foi pago em dez cheques de R$ 200 mil, conforme uma fonte da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). O apartamento de 230 m², na Rua Israel Bezerra, ao lado do Parque do Cocó, foi outro bem adquirido pela dupla no Ceará. Além disso, eles compraram uma casa no Alphaville Eusébio. Pelos dois últimos imóveis pagaram a quantia estimada de R$ 3,3 milhões.

O advogado Kaio Castro, que representa os irmãos Cavalcante Cidrão, disse que os dois realmente fizeram a intermediação da compra dos veículos para 'Gegê do Mangue' e 'Paca'. "Eles prestaram uma assessoria, porque quando eles (líderes do PCC) chegavam aqui já queriam tudo pronto", disse Castro.

A defesa confirmou ainda que os carros estavam realmente à venda antes das mortes dos dois homens, mas não soube dar detalhes da negociação. O advogado aguarda a apreciação de pedidos de revogação da prisão dos clientes dele, que para a Justiça do Ceará são considerados foragidos. Castro sustenta que os irmãos são inocentes.

Suspeitos

A morte de 'Gegê' e 'Paca' já teve os autores e mandantes identificados pela Polícia, mas nenhum deles foi preso. O crime teria sido ordenado por Gilberto Aparecido dos Santos, o 'Fuminho'. Além dele, participaram diretamente do duplo homicídio, Wagner Ferreira da Silva, o 'Cabelo Duro' (morto dias depois do crime); Erick Machado Santos, o 'Neguinho Rick da Baixada'; Ronaldo Pereira Costa; André Luiz da Costa Lopes, o 'Andrezinho da Baixada'; Thiago Lourenço de Sá de Lima, o 'Tiririca'; e o piloto Felipe Ramos Morais. O grupo seria ligado à facção paulista e chegou dois dias antes à capital cearense.