Familiares denunciam atrasos na necrópsia de corpos na Pefoce

A lentidão está relacionada à alta demanda no órgão. Familiares permanecem sem respostas e atrasam funerais

Em busca de respostas e informações sobre o atraso na perícia dos corpos encaminhados para a Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), familiares se reuniram em frente à sede do órgão na manhã desta terça-feira (3). Após a paralisação da Polícia Militar, no dia 18 de fevereiro, houve um crescimento no número de Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs) no Estado.

O comerciante João Falcão, de Recife, aguarda respostas do irmão, que faleceu no último domingo (1º), desde às 4h da manhã de segunda-feira (2). “Deu um erro. Ao invés de trazerem o corpo do meu irmão aqui, levaram para o SVO (Serviço de Verificação de Óbito) e o corpo só chegou ontem, 18h”, relatou.

A família de João em Pernambuco aguarda resposta sobre o irmão dele. “Estão ligando direto e eu não tenho nada para dizer porque não me informaram nada”, afirma. "Eu marquei o enterro para ontem, às 11h da manhã, e não teve condições. Já marquei para amanhã e estou vendo que não terá condições novamente. Tô nessa situação, não sei como está o corpo do meu irmão", desabafa. 

A manicure Ana Claudia da Silva também é uma das familiares sem respostas. O primo dela deu entrada na Pefoce às 18h de segunda-feira (3), vítima de um acidente de motocicleta no dia 20 de fevereiro no município de Solonópole. Foi transferido para o Instituto Doutor José Frota (IJF), “mas ontem, ele não resistiu”, explicou.

Sem respostas de horários, Ana Claudia se diz constrangida com a situação. “É muito complicado por conta da grande demanda, no momento que a gente já se encontra muito abalada, ainda tem que enfrentar todo esse processo”, ressalta.

Protocolo

A Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) informou, por nota, que os exames cadavéricos "estão ocorrendo de acordo com os protocolos e procedimentos da prática da Medicina Legal", mas não se manifestou sobre o atrasos nas necrópsias. Ao todo, segundo o órgão, há 14 corpos sendo periciados, entre casos oriundos de hospitais, vítimas de trânsito e mortes suspeitas.

"O exame cadavérico é uma prova técnica que é enviada para compor um inquérito policial, por tanto, requer o máximo cuidado para auxiliar na elucidação de um crime. A Comel informa ainda que todas as equipes trabalham com máximo empenho na investigação da causa da morte destas vítimas e que há um grande empenho para a liberação dos corpos", disse.