Três ex-policiais militares acusados de torturar e matar o pedreiro Francisco Ricardo Costa de Souza, em 14 de fevereiro de 2014, no bairro Maraponga, foram inocentados pelo 1º Tribunal do Júri, em julgamento que durou cerca de 16 horas, na última quarta-feira (28). A decisão foi informada, ontem, pela assessoria de comunicação do Fórum Clóvis Bevilaqua.
O júri absolveu os réus José Milton Alves Maciel Júnior, Dennis Bezerra Guilherme e Washington Martins da Silva por unanimidade (4 votos a 0), acatando a tese da defesa de negativa de autoria. O trio foi indiciado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa) no inquérito elaborado pela Delegacia de Assuntos Internos (DAI) da Controladoria Geral de Disciplina (CGD). Eles acabaram expulsos da PM em março de 2014.
De acordo com a delegada que presidiu a investigação, Luciana Costa Vale, o inquérito foi montado com base em provas testemunhais e nos registros do Sistema de Monitoramento do Ronda do Quarteirão (SMRD), que apontaram a presença da viatura do Ronda do Quarteirão identificada como RD-1058, em que os homens trabalhavam, na cena do crime antes da Ciops registrar o achado de cadáver.
Reviravolta
Segundo os autos, o pedreiro Francisco Ricardo voltava do trabalho de bicicleta, pela Rua Francisco Glicério, por volta de 13h30, quando foi abordado por policiais militares e colocado na viatura do Ronda.
Em seguida, os policiais levaram Ricardo até um matagal próximo e espancaram o homem. Pouco tempo depois, a viatura RD-1058 foi chamada pela Ciops para verificar o achado de cadáver, por populares, no matagal. Os soldados foram ao local do crime e, mesmo com sinais de que Ricardo estaria morto, o colocaram no xadrez da viatura e levaram ao hospital.
Entretanto, a defesa dos três PMs conseguiu provar ao júri que duas viaturas diferentes foram ao local da ocorrência naquele dia, o que pode provocar uma reviravolta no caso.
Na versão apresentada ao júri, os policiais do primeiro veículo teriam recolhido e matado o pedreiro, enquanto os três policiais acusados estavam na segunda viatura, que foi verificar o corpo encontrado no matagal
Segundo o advogado de defesa Daniel Maia, imagens de câmeras de segurança da região confirmaram a diferença entre as duas viaturas. "Os acusados foram eleitos como assassinos. Foi um erro grosseiro da investigação e do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE)", afirmou Maia.
Os três ex-PMs já entraram com ação civil pedindo o reingresso na corporação militar e o recebimento dos salários referentes aos 2 anos e 7 meses que estiveram presos.
O advogado de acusação do caso foi procurado pela reportagem, mas não foi localizado.