'Celim da Babilônia', líder de facção no Ceará, é absolvido em júri popular e pode ser solto

Na última segunda-feira (4) o alvará de soltura dele foi expedido e juntado aos autos

Auricélio Sousa Freitas, o 'Celim da Babilônia', foi inocentado por um homicídio e pode ser solto a qualquer momento. A decisão em absolver o homem apontado pelo Ministério Público do Ceará, em diversas ocasiões, como líder de uma facção criminosa cearense, veio do Tribunal do Júri.

‘Celim’ agora foi inocentado pela morte de Paulo Anderson da Silva, o 'Batata'. Anteriormente, foi pronunciado pela Justiça devido ao homicídio ocorrido em Fortaleza, em junho de 2015. Quando submetido ao julgamento, o Conselho de Sentença decidiu por mais de três votos absolver o acusado. 

Com isso, o juiz da 3ª Vara do Júri declarou o réu absolvido e ordenou que fosse expedido o alvará de soltura, "sendo posto imediatamente em liberdade, se por outro motivo não estiver preso".

O Ministério Público do Ceará (MPCE) ainda manifestou interesse em recorrer da decisão e deve apresentar razões nos próximos dias. Na última segunda-feira (4) o alvará foi expedido e juntado aos autos.

MANDANTE DO ASSASSINATO

Conforme a acusação, 'Celim' e Leonardo de Sousa Nascimento, o 'Fly' foram responsáveis pela morte de Paulo Anderson. 'Fly' teria disparado três vezes contra a vítima, em ação premeditada a mando de Auricélio de Sousa.

'Celim' foi apontado como autor intelectual do crime, já tendo encomendado a ação enquanto estava em um presídio. Leonardo foi julgado e condenado a 18 anos e 10 meses de prisão, em júri popular realizado em 18 de agosto de 2021.

"Durante as investigações, restou apontado de forma uníssona pelas testemunhas e familiares da vítima, que a vítima foi morta por 'Fly' por ordem do mandante 'Celinho', já que aquele tinha uma dívida com este, que disse perdoar a dívida caso 'Fly' matasse Paulo Anderson", segundo denúncia do MPCE.

'Batata' tinha acabado de sair de casa a estava na companhia de amigos, quando 'Fly' se aproximou, levantou a camisa e sacou a arma. A vítima chegou a correr, "mas tropeçou nos chinelos que estava usando e caiu no chão, momento em que 'Fly' disparou contra a vítima que não tinha chances de se defender".

Quando interrogados, os acusados apresentaram versões diferentes sobre o fato. Leonardo disse que Paulo era perigoso e que vinha o ameaçando. Na versão do executor do homicídio, ele atirou para se defender, antes que fosse atingido: "ninguém me mandou matar ele não, ele que veio para me matar".

Já conforme o depoimento de 'Celinho', em 2015 ele estava preso e não tem nenhuma relação com o caso. "Conheço o 'Fly' só de vista, morava no mesmo bairro que eu, mas não tenho ligação com ele, nenhum tipo de intimidade. O 'Batata' morava no mesmo local que eu, também não tive nenhuma ligação com ele. Não soube disso, porque eu tava preso", disse o acusado.

PARTICIPAÇÃO EM CHACINA

No mês de abril deste ano, a Justiça decidiu impronunciar 'Celim da Babilônia' pela Chacina das Cajazeiras. Até então, ele era considerado como um dos mandantes do crime que resultou em 14 mortes, no início de 2018.

Anos após o episódio, o juiz da 2ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza considerou não haver provas suficientes para levar 'Celim' ao Tribunal do Júri. A decisão não se trata de uma absolvição do réu. 

O magistrado explica que "enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade (pela prescrição, por exemplo), poderá ser formulada nova denúncia, desde que surjam provas novas". "Não se está concluindo que o acusado, Auricelio Sousa Freitas, não teve participação nos fatos descritos na Denúncia, apenas que até este momento não há indícios seguros capazes de sustentar uma decisão de pronúncia, sem prejuízo de que, a qualquer tempo, enquanto não extinta a punibilidade, em havendo novas provas, o feito seja desarquivado e dado curso à ação penal", disse o juiz Antonio Josimar Almeida Alves.

OUTROS PROCESSOS

'Celim' foi preso e solto sob suspeita de um homicídio no ano de 2013. Em julho de 2018, novamente detido, desta vez no bairro Dionísio Torres, na Capital. Ele estava em um veículo de luxo e blindado e ainda teria apresentado documento falso para ludibriar os policiais.

Pelo uso do documento falso, Auricélio foi condenado em 2019, com pena de dois anos e 11 meses de reclusão, em regime inicial aberto. Na época, apesar da decisão que o tiraria de trás das grades, o líder da facção continuou recluso na Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Catanduvas, no Paraná, pois ainda possui dois mandados de prisão.

Em 2020, Auricélio e demais membros de facções retornaram ao Ceará.

Ele ainda responde a outros processos na Justiça cearense, como outros homicídios e organização criminosa. No último dia 1º, a direção da Unidade Prisional Itaitinga II instaurou procedimento administrativo disciplinar contra ele para apurar "possível falta disciplinar".