Britânico preso em Fortaleza integra quadrilha mais poderosa da Escócia

Procurado pela Interpol, James White foi encontrado em apartamento de luxo. PF suspeitava que os dois líderes do grupo também estivessem no imóvel. A quadrilha é ligada ao tráfico de drogas e armas e a crimes violentos

O britânico James White, de 42 anos, preso pela Polícia Federal (PF) em um apartamento de luxo em Fortaleza, nessa sexta-feira (19), integra a maior e mais rica quadrilha de tráfico de drogas e de armas de fogo da Escócia, no Reino Unido, com destaque na Europa. Além desses crimes, ele responde por homicídio, sequestro, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha e era procurado pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol).

Conforme publicações do jornal Daily Record, de fevereiro de 2019, White, conhecido como 'Don', é o principal homem de confiança e amigo desde a infância dos líderes do esquema criminoso, os irmãos James e Barry Gillespie, que continuam sendo procurados. Eles estariam na região do Algarve, em Portugal, mas foram descobertos.

Devido à relação com a América do Sul, de onde importavam as drogas, os três homens teriam fugido para o continente. "Nós tínhamos a informação, já há mais de um ano, que os três principais líderes dessa organização criminosa tinham vindo foragidos para o Brasil. E no início deste ano, veio a informação da Polícia britânica de que eles estariam em Fortaleza", revela o delegado da Polícia Federal, Glayston Araújo, em entrevista ao Sistema Verdes Mares.

De acordo com o investigador, a possível localização dos britânicos foi identificada pela PF há cerca de 20 dias: um apartamento de luxo no bairro Meireles, com vista para o mar. "A gente pensava que ia encontrar os três principais líderes da quadrilha. Mas encontramos somente um. Eles teriam alugado esse apartamento no início deste ano", afirma, completando que as buscas pelos irmãos irão continuar no Ceará.

'Don' estava na residência com a namorada e um amigo, ambos brasileiros, e não esboçou reação. Com ele, foram apreendidos R$ 53 mil em espécie e um automóvel de luxo. A Polícia Federal suspeitava que o criminoso estivesse armado, mas nenhuma arma de fogo foi encontrada no imóvel onde ele estava.

Os mandados de prisão e de busca e apreensão foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Questionado por mais detalhes sobre o caso, o Órgão respondeu, em nota, que "processos de Prisão Preventiva para Extradição (PPE) tramitam sob sigilo até que a prisão seja efetuada e formalmente comunicada ao STF".

Crimes

As autoridades britânicas chegaram aos nomes dos três principais líderes da organização criminosa na Operação Escalada, após a prisão de nove comparsas. Com o grupo, foram apreendidos dois veículos que continham arsenais escondidos, incluindo pistolas, metralhadoras e granada.

Uma reportagem do jornal BBC, publicada em 11 de dezembro de 2017, mostra que a quadrilha era especializada na técnica de esconder armas no corpo de veículos luxuosos, que passavam despercebidas em vistorias rápidas. Os criminosos ainda possuíam um forte aparato tecnológico "antivigilância", para não ser descoberto.

Além de traficar armas, cocaína, maconha e até heroína, a organização criminosa é conhecida por agir com violência. Um antigo comparsa teria sido sequestrado, amarrado e torturado pelo grupo, na Inglaterra, em 2015. A quadrilha também é suspeita de ligação com os assassinatos de um blogueiro, na saída de um clube de sexo, na Holanda, em 2016; e de um jovem, na Escócia, em 2017. E ainda nas tentativas de homicídio contra um técnico de futebol júnior e um advogado, ambas na Escócia, em 2018.