Encontrado morto no dia 8 de março deste ano, em um matagal no bairro Manoel Dias Branco, em Fortaleza, o agente da Guarda Municipal José Gonçalves Fonseca, de 51 anos, foi envenenado por seu próprio advogado, Victor Henrique da Silva Ferreira Gomes, de 23 anos, informou nesta quarta-feira (26) a Polícia Civil. Segundo a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o laudo pericial apontou que o guarda faleceu por asfixia, em decorrência da ingestão de chumbinho.
De acordo com a polícia, o advogado, que já havia sido detido no último dia 23 de março, sempre foi um dos principais suspeitos do crime. Segundo as investigações, Victor Henrique estava com R$ 265 mil da vítima para a aquisição de um imóvel de seu cliente, mas gastou parte da quantia. Como José Gonçalves passou a desconfiar, o advogado decidiu matá-lo.
"Em 6 de março deste ano, dia da morte do agente, os dois iriam ao banco para resolverem o pagamento deste imóvel. No caminho, porém, o advogado acabou matando seu cliente", informou a DHPP. Ainda segundo a polícia, não há indicativo de que outras pessoas participaram da ação criminosa. Em um primeiro momento, Victor chegou a apontar o corretor do imóvel como suspeito, o que foi descartado pela polícia.
O caso
O guarda municipal desapareceu no dia 6 de março e foi encontrado no dia 8, morto em um matagal. A equipe da Pefoce, que esteve no local, informou que não havia marcas visíveis de tiros ou facadas, mas não descartava a hipótese de que o laudo da necropsia fosse conclusivo sobre uma morte violenta.
O agente sumiu quando saiu de casa para ir a uma imobiliária e depois sacar uma alta quantia em dinheiro, para pagar uma casa que ele estava negociando. A namorada da vítima registrou um Boletim de Ocorrência (B.O.) dizendo que ele tinha sido visto pela última vez quando saía da casa da avó do advogado dele, no bairro de Fátima, para encontrar um corretor de imóveis e um dos herdeiros do imóvel que pretendia comprar.
Conforme depoimentos de testemunhas prestados à Polícia, José Fonseca levava consigo a quantia de R$ 120 mil em espécie. O carro da vítima foi localizado defronte a um condomínio, no Bairro de Fátima, no dia 10.
Responsável pela defesa de Vítor Ferreira Gomes, o advogado Leandro Vasques disse que "a defesa será exercida em toda sua plenitude na fase judicial, onde se valerá do contraditório para refutar as acusações, afinal, o veredicto de uma caso não se encerra no relatório final da autoridade policial; se assim fosse não seria necessária a fase processual em juízo. Para se ter uma ideia das dúvidas que contaminam a apuração, o laudo cadavérico aponta data da morte da vítima o dia 4 de março, quando ele foi visto com vida até o dia 6, além de outras inconsistências as quais serão apontadas oportunamente pela defesa".