Aos 79 anos de idade e com mais de 40 obras publicadas, o padre Neri Feitosa, natural de Arneiroz, na região dos Inhamuns, e morador de Canindé há 23 anos, continua escrevendo seus folhetos e celebrando missas, mesmo estando aposentado desde 1982.
A primeira publicação de padre Neri, intitulada “Luzi: Mártir no Ceará”, foi escrita em 1952. Segundo o padre, o livro conta a história de Luzi, que foi assassinada pelo enteado no Município de Missão Velha.
Já aos 26 anos, formado em teologia e filosofia, ele passou a escrever sobre o trabalho pastoral e catequético, além de diversas obras sobre o Padre Cícero Romão Batista. Esse acervo histórico é resultado de um intenso trabalho de pesquisa. Por esse motivo, ele sempre viaja para ouvir histórias e coletar depoimentos. De posse dos registros orais, segundo o religioso, o próximo passo é realizar a comparação com os documentos impressos.
“É um trabalho baseado em documentação primária para fundamentar seus escritos”, explica Aécio Feitosa, doutor em Psicologia da Educação e sobrinho do padre Neri.
Além de ter sido vigário em várias paróquias no Estado, o padre ensinou, durante sete anos, Latim e Grego, no seminário do Crato, e há cerca de 10 anos, fundou o Instituto Memória de Canindé. Sua última publicação, “Trezentos anos da chegada dos Feitosas ao Ceará”, foi escrita em parceria com Aécio Feitosa. “Queremos fazer com que os Feitosas se sintam uma família e um clã, e valorizem o passado”, afirma o padre.
FEITOSA - Apesar da origem ser portuguesa, a família Feitosa está presente em todo o Brasil. O primeiro representante, João Alves Feitosa, chegou ao País em meados do século XVII. Ele era proveniente do povoado português chamado Vila Feitosa, por esse motivo adicionou o nome da comunidade ao seu sobrenome. Chegando ao Brasil, ele desembarcou na cidade de Penedo, em Alagoas. João Alves casou com Ana Gomes Vieira, com quem teve dois filhos, Lourenço Alves Feitosa, comissário de cavalaria; e Francisco Alves Feitosa, coronel. Como o primeiro não teve filhos, todos os Feitosas no Ceará descedem diretamente do coronel Francisco, segundo relato de Aécio.