Produção ilegal de carvão vegetal provoca poluição

Quixadá (Sucursal) — Moradores do Planalto Jerusalém, loteamento residencial situado a 7 quilômetros do Centro da cidade, estão revoltados com uma situação que passou a incomodar e prejudicar a saúde das famílias. O problema é a produção clandestina de carvão vegetal nas imediações das residências.

O advogado Gladson Alves do Nascimento, 36 anos, reside há nove no loteamento. Percebeu há pouco mais de dois meses que a “fumaceira” se intensificou. Segundo Gladson, sua filha de quatro meses já apresenta problemas pulmonares por conta da fumaça produzida pelos “bacurais”, fornos clandestinos que foram construídos em terras de um assentamento situado próximo à sua morada. “Caso nenhum órgão público, a Semace ou o Ibama, não adotem nenhuma providência, serei obrigado a me mudar com minha família”, comentou revoltado.

Outro vizinho, Oziel Pereira Neres, 37 anos, consultor de vendas, reside no loteamento há sete anos e denuncia que o mais grave é que não se consegue identificar nenhum dos infratores, já que, além de realizarem as queimadas de lenha mata adentro, os carvoeiros agem na madrugada, quando ainda está escuro. “A gente só percebe quando está dormindo e desperta sentindo faltar de ar e o cheiro de fumaça. Quando o dia vai amanhecendo é que se nota a dimensão do problema, todo o ar está poluído”, disse, apreensivo, o morador.

A reportagem acompanhou os moradores na madrugada de anteontem, antes do dia amanhecer, até o local onde existem alguns “bacurais”, a pouco mais de um quilômetro de suas casas. Foi encontrada uma dezena de fornos clandestinos, ferramentas utilizadas para escavação e muita fumaça saindo dos buracos, mas não havia nenhum carvoeiro nas imediações.

Assentados da Fazenda Jerusalém, apontados pelos moradores prejudicados como responsáveis pelo fumaceiro e a produção ilegal de carvão vegetal, negam que sejam os causadores da poluição. O assentado Francisco de Assis Damasceno disse que nem sabe quem está queimando carvão naquelas imediações.

Por conta do silencio e da omissão, Gladson e os demais moradores estão elaborando abaixo-assinado para entregarem aos representantes da Semace e do Ibama na região, e assim esperam que o problema seja resolvido e os responsáveis pelos crimes ambientais, de desmatamento e poluição, identificados e punidos.