A parede de uma barragem auxiliar, no Açude Orós, o segundo maior reservatório do Ceará, foi recuperada nesta segunda-feira (28) por operários a serviço do Distrito de Irrigação Icó - Lima Campos (Adicol) e da secretaria de Agricultura do município de Icó, na região Centro-Sul do Ceará. O serviço de reconstrução foi realizado 47 dias após a parede ter sido cortada em um ato de protesto por um grupo de pequenos produtores rurais.
A recuperação da parede ocorreu após um entendimento entre a Adicol e a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). O presidente da Adicol, Francisco Canindé de Souza, esclareceu que obteve autorização da Cogerh para realizar o serviço. “Estamos precisando da transferência de água que já foi autorizada em reunião de alocação e se fôssemos esperar pela Cogerh poderia demorar mais tempo”, explicou.
De acordo com Canindé, a Cogerh vai enviar uma equipe ainda hoje (28) para avaliar o serviço de recuperação e iniciar a transferência de água por bombeamento. A transposição da água é necessária e aguardada com expectativa para atender demanda de consumo humano das localidades de Guassussê e Pedregulho e reabastecimento do açude Lima Campos.
“Foi autorizada a transferência de 700 litros por segundo do Açude Orós para atender as famílias das duas localidades e o açude Lima Campos”, pontuou Canindé.
No próximo dia 4 de agosto, haverá reunião de alocação das águas do Açude Lima Campos para definição da quantidade de liberação de água para abastecimento da cidade de Icó e para o perímetro irrigado Icó – Lima Campos.
Protesto
Na manhã do dia 11 de junho, um grupo de agricultores do Perímetro Irrigado Icó-Lima Campos arrombou parte da parede de contenção de água da barragem auxiliar na bacia do açude Orós. O objetivo da ação era fazer com que a água reabastecesse, por gravidade, o Açude Lima Campos e irrigasse áreas de produção agrícola no seu entorno.
Os agricultores usaram enxadas, chibancas e outras ferramentas e em protesto cortaram a parede liberando a água em direção ao túnel para reabastecimento do Lima Campos.
Na época, o presidente da Adicol, Francisco Canindé de Souza, disse que a abertura da parede do reservatório visava salvar culturas de capim, goiaba, banana e coco e alegou seguidos prejuízos mediante a escassez de água.
“Nós iríamos fazer um protesto pacífico para chamar a atenção da Cogerh para a necessidade de transferência de água e antes de eu chegar ao local um grupo decidiu cortar parte da parede”, contou. “Eu não sabia e nem apoiei o arrombamento do dique”.
De acordo com a Adicol, a ação salvou culturas agrícolas e reabasteceu um pouco o açude Lima Campos, além de beneficiar o abastecimento de cerca 600 famílias do distrito de Guassussê.
Na época, o diretor de Operações da Cogerh, Bruno Rebouças, classificou a ação dos agricultores como "intempestiva, causando prejuízo ao patrimônio público".
A Cogerh registrou boletim de ocorrência na delegacia de Polícia Civil de Orós e Canindé já prestou depoimento. “Fui acusado de apoiar a ação, de furto de água e de dano ao patrimônio, mas não sabia que o protesto resultasse no corte da parede”, reforçou.
Perímetro
O Açude Orós está com 27% de sua capacidade e o Lima Campos acumula 17%, de acordo com o Portal Hidrológico da Cogerh. O Perímetro Irrigado Icó- Lima Campos é administrado pelo Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs).
As culturas frutíferas e plantio de capim para alimentação do gado ficam nos núcleos produtivos do Posto Agrícola, Delta, Alfa e Gama, na margem esquerda do Rio Salgado, no Perímetro Irrigado Icó – Lima Campos.