As primeiras chuvas do ano já estão mobilizando agentes de endemias de Secretarias de Saúde do Interior do Ceará preocupadas com as arboviroses, doenças que têm como seu transmissor o mosquito Aedes aegypti. Dentre os primeiros municípios a realizarem ações preventivas, estão Quixadá e Choró, apesar de os índices de infestação terem reduzido em relação a ciclos anteriores. O objetivo é eliminar o inseto antes de a população começar a ser afetada.
Em Quixadá, onde no ano passado se intensificou o peixamento dos reservatórios de água, principalmente de residências, o Núcleo de Controle de Endemias do Município intensificou as ações de bloqueio. Conforme o coordenador do órgão, José Arlindo Lemos, 50 agentes estão realizando os trabalhos de inspeção. Uma equipe está efetivando os bloqueios, com inseticida especial, no inicio das manhãs e fins das tardes.
“Pretendemos manter os índices na cidade sob controle. Fechamos 2018 com um percentual bem abaixo do risco, na casa dos 2,2%. Nesse período, quando começa a chover, o hábito dos moradores é colocar os potes, baldes e outras vasilhas debaixo das biqueiras, para acumularem a água pura. Sem o cloro esses recipientes são os lugares ideais para proliferação do mosquito. Como é difícil mudar essa cultura precisamos agir, e rápido”, explicou.
Essa é a expectativa da dona de casa Maria Anunciada Silveira. Ela já contraiu dengue e chikungunya. Com as duas filhas não foi diferente. Passar por esse sofrimento novamente não querem mais. Todavia, é difícil convencer os vizinhos, moradores do bairro Campo Velho, com um dos maiores índices de infestação na cidade, a adotarem os cuidados básicos. A preocupação aumenta quando chove porque o mosquito mão sabe a qual quintal pertence. Nessas horas, os agentes da Saúde são a salvação, reconhece.
No município vizinho, Choró, os agentes também começaram a trabalhar com bombas costais para atingirem com mais precisão os alvos. Além do mosquito transmissor da dengue, da chicungunya e da zika começaram a pulverizar residências no combate a pernilongos das famílias “Culcidae” e “Flebotomineos” ambos hematófagos podendo transmitir doenças como a Leishmaniose. A iniciativa está recebendo elogios.
Conforme a secretária municipal de Saúde, Jamile Paz, as entidades de saúde resolveram não dormir no ponto. Ainda em 2017, quando a nova gestão assumiu a administração do Município, os índices de infestação eram elevadíssimos. Todos arregaçaram as mangas e passaram a trabalhar. Apesar das dificuldades resultados satisfatórios foram obtidos ao ponto de a Secretaria ser contemplada pelo Governo do Estado com um bônus de R$ 100 mil. O dinheiro está possibilitando as ações preventivas.
Situação no Estado
Em 2018, foram notificados no Ceará 14.966 casos de dengue no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Esses números estão distribuídos em 95,1% dos municípios do Estado. Foram confirmados 24,7% dos casos, exatos 3.698, distribuídos em 63,4% dos municípios. A taxa de incidência acumulada de foi de 41,2 casos por 100 mil habitantes. Os dados são da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa).
Ainda no ano anterior foram confirmados 12 casos de dengue com sinais de alarme ocorridos nos municípios de Aracati (01), Brejo Santo (01), Crateús (01), Fortaleza (05), Granja (01), Jaguaruana (01), Milhã (01) e Morada Nova (01). Desses, 11 foram a óbito, no Eusébio (01), Fortaleza (05), Icapuí (01), Maracanaú (01), Novo Oriente (01), Solonópole (01) e Paraipaba (01).
Quanto à chikungunya, foram notificados 5.217 casos suspeitos, entretanto apenas 27,0% foram confirmados. Um óbito foi confirmado, do sexo feminino, 62 anos de idade, residente no município de Fortaleza.
Já a zika, foram registrados 590 casos suspeitos em 76 dos 184 municípios cearenses. Desse total foram confirmados 37, o equivalente a 6,2%. Os casos suspeitos em gestantes foram 73; corresponderam a 12,3% das notificações, sendo cinco classificados como confirmados. Todos foram confirmados pelo clínico-epidemiológico, não existindo até o momento, confirmação laboratorial, aponta a Sesa no seu último Boletim Epidemiológico.