Leia algumas das poesias de Seu Lunga

Apesar da fama de mau humorado, Seu Lunga gostava de poesia e arriscava as próprias rimas

Ele ficou famoso por suas respostas ríspidas e pela falta de paciência, mas Seu Lunga, falecido neste sábado (22), também tinha outra faceta: era poeta. Assim como seu conterrâneo Patativa do Assaré, o sucateiro tinha apreço pelas rimas, contos e versos. Em entrevista concedida à repórter Naiana Rodrigues, publicada no Diário do Nordeste em 2013, Seu Lunga recitou alguns pensamentos nunca antes registrados em papel.  Com temáticas que passeiam pela velhice, mulheres e paixões, leia algumas das poesias do cearense:

“Quem me dera ser um pássaro, para no mundo voar. Eu ia para o oceano, depois podia voltar, mas ia cair nos teus somente para consolar”.

“No Estado de Minas, achei uma menina que me deixasse lembrança. Do lado de tua trança, guardada em meu peito, toda hora passo a mão e também de noite quando me deito”.

“A mulher para ser bonita, precisa ser alta e bela. Na rua, os rapazes da ribeira tão tudo louco por ela”.

“Se ao romper do dia, é as árvores que chora. Passarinho canta e grita, mas meu bem, eu vou embora. E as mulher de hoje em dia anda tudo com o bucho de fora”.

“Quem não mora muito longe, morando perto é vizinho. Encostado a essa mata, mata que tem espim, cada pau tem um galho, cada galho tem um ninho, não vou morar nessa mata por causa dos passarim”.

“Morava bem em Juazeiro, me transportei daqui e fui morar em Salgueiro. Lá, existe uma fazendo que só existe vaqueiro. Existe também um boi, que é um grande boi mandingueiro, se eu pego meu cavalo, um cavalo muito ligeiro, vou derribar o boi, cavalo, boi e vaqueiro”.