Diocese enfrenta falta de padres

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Não é de hoje que a Igreja Católica no Brasil enfrenta falta de padres. O Brasil é um dos países de maior população que se diz católica. O “rebanho” é extenso e faltam pastores para atender às comunidades com celebrações litúrgicas, visitas e administração de sacramentos. Há vilas em que se passam meses sem a celebração de uma santa missa.

Na diocese de Iguatu, o quadro é esse mesmo. Faltam padres e sobram fiéis. Capelas ficam muito tempo fechadas. São 21 paróquias que compõem a diocese. Duas delas estão sem párocos: Aiuaba e Solonópole. Em outras há padres doentes e idosos próximos de se afastarem da função sacerdotal.

Atualmente, apenas 18 sacerdotes estão em atividades. E por que há escassez de padres no Brasil, que tem a maior população católica do Mundo? Uma das explicações pode estar na característica da religiosidade brasileira que é marcada pelas festividades religiosas, faltando a profundidade na fé cristã. São poucos os jovens que se interessam em seguir a carreira de padre.

Dom Mauro Ramalho, bispo emérito da diocese de Iguatu e o titular, dom José Doth, acreditam que não é o sacerdócio celibatário que impede que os jovens procurem a formação sacerdotal. “Não é esse o problema”, disse dom José Doth, que propõe um olhar crítico para a sociedade atual. “Como estão os casamentos, a formação e educação religiosa dos filhos? Nos lares não há incentivo para a palavra de Deus”.

O bispo lembra que o sacerdócio exige dedicação e desapego às coisas materiais. “Os padres são os pais do povo e levam uma vida cheia de obrigações que muitos não querem seguir”, disse. “Preferem a liberdade”. Dom Mauro Ramalho avalia que o celibato pode ser um obstáculo, mas não é o maior. “Estamos vivendo a intensa liberdade sexual, no mundo secular, na sociedade regida pelo consumismo e marcada pela droga, violência e ausência de Deus”.

O vigário geral da diocese de Iguatu, padre Afonso Queiroga, pensa um pouco diferente e acha que o celibato afasta alguns que tinham vontade de ser sacerdotes. “Impede com certeza”, disse. “Há muitos casados que gostariam de exercer o sacerdócio e estão no movimento leigo”. Para Queiroga o celibato deveria ser opcional.