Várzea Alegre. O cultivo de mogno africano vem crescendo no Ceará. A árvore é conhecida por 'ouro verde' por seu alto valor comercial. A planta típica de floresta africana é considerada uma alternativa econômica a longo prazo para produtores rurais que decidam investir no plantio da variedade que vem se adaptando bem em algumas regiões do Estado.
Um exemplo vem da fazenda Jaburu, no distrito de Canindezinho. Os cinco mil pés de mogno africano se destacam em meio ao cenário seco, típico do Semiárido. De grande porte e com copas verdes e frondosas, as árvores chamam a atenção. Foram plantadas em uma área que antes era utilizada para o cultivo de capim para formação de pastagem para os bovinos, culturas de sequeiro, fruteiras e até café.
A propriedade pertence ao médico e agropecuarista, Raimundo Sátiro. Apaixonado pela vida no campo, apostou no cultivo do mogno. "Tomei conhecimento da espécie por um amigo, o empresário Carlos Kleber Correia, que trouxe algumas sementes e iniciou o plantio aqui em nossa cidade, em sua propriedade na Serra dos Cavalos, em 2011", contou. O cultivo inicial foi de 360 hectares que está em desenvolvimento.
Após fazer pesquisas na internet, Sátiro resolveu investir na plantação de mogno africano. É um negócio que requer longo prazo, mas é bastante rentável. É uma poupança que fiz para meus filhos, meus netos", prevê o produtor. A primeira árvore foi plantada há seis anos. De lá para cá, atualmente, são cinco mil árvores em desenvolvimento. O objetivo é que a produção da madeira de lei se torne mais uma alternativa econômica para a propriedade, mesmo que os resultados venham a longo prazo.
Em 47 municípios cearenses já há áreas plantadas em torno de 100 hectares de mogno africano. A ideia é difundir o valor comercial da madeira e incentivar as pessoas a fazerem o plantio mesmo em áreas reduzidas.
Para incentivar outros agricultores, foi realizado recentemente em Várzea Alegre um seminário para mostrar a viabilidade econômica e a possibilidade de reflorestamento de grandes áreas de terra antes devastadas, ou que já foram utilizadas para outras culturas.
Viável
"O mogno africano é viável, mas é preciso esperar pelo menos 15 anos para começar a vender as primeiras 'toras' por metro cúbico", explicou Francisco Rosa, engenheiro agrônomo.
Ainda de acordo com o especialista, o mogno africano foi a espécie que mais se adaptou no Brasil, principalmente na região Nordeste por apresentar características mais parecidas com o clima do país de origem, Senegal, na Árica. "A espécie africana é resistente e cresce mais rápido", acrescentou ressaltando que a cultura do mogno no Ceará já deixou de ser uma novidade.