Cidades da Região da Ibiapaba e Norte do Ceará registraram fortes chuvas nas últimas 24 horas, segundo dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
As precipitações atingiram 102 milímetros em Ubajara, 96 milímetros em Ibiapina e 86 milímetros em Tianguá.
Entre os municípios com maiores volumes estão ainda Uruoca (63,8mm), Ipueiras (63 mm) e Crateús (62 mm). Até a publicação desta matéria, pelo menos 60 cidades cearenses tiveram precipitações. Em Uruoca, na Região Norte do Estado, um riacho transbordou com as últimas precipitações.
No município de São Benedito, na Região da Ibiapaba, choveu 29 milímetros. Moradores relataram fortes chuvas com relâmpagos e ruas alagadas.
A previsão da Funceme para os próximos dias são de nebulosidade variável com chuva na faixa litorânea, na Ibiapaba, no Sertão Central e Inhamuns e no Cariri.
Chuvas da Pré-Estação
Além da continuidade da ZCAS, a Funceme identifica, por meio da análise de imagem de satélite e previsão de modelos numéricos, a presença de um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) sobre o oceano Atlântico e próximo à costa leste do Nordeste. Assim com o Cavado de Altos Níveis (CAN) observado no último fim de semana, áreas de nebulosidade e, consequentemente, chuvas são proporcionadas na área da borda deste sistema. Ambos os sistemas são típicos da Pré-Estação, que vai até o fim de janeiro no Ceará.
“Esses sistemas trazem as chuvas neste período e são formados a partir de instabilidades atmosféricas devido a sistemas frontais que chegam no sul do Nordeste (principalmente na Bahia), influência da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) e da Zona de Convergência de Umidade (ZCOU), que ocorrem próximas ao sul do Nordeste. Importantes chuvas podem ser produzidas por VCANs e CANs. Ocasionalmente, também instabilidades associadas à uma declinação mais ao sul do equador da ZCIT podem ocasionar precipitações”, explica o meteorologista e supervisor da Unidade de Tempo e Clima da Funceme, Raul Fritz.
Aporte
Apesar da possibilidade de chuvas fortes, como os registros no intervalo das últimas 24 horas em Ubajara, Ibiapina e Tianguá, geralmente tais precipitações não costumam contribuir tanto para o aporte dos açudes, o que reforça a necessidade do uso consciente da água. Neste momento, o Ceará tem 101 açudes com volume abaixo dos 30%.
“Dezembro que tem uma média estadual baixa, sendo de 31,6 milímetros. Já em janeiro tivemos exemplo, histórico, de aporte muito significativo, em 2004, quando as chuvas sobre o Estado ultrapassaram em 311% a média estadual. Mas casos desse tipo não são frequentes. As médias de dezembro e de janeiro, quando alcançadas, representam aporte muito pequeno”, reforça Fritz.
Durante a Pré-Estação Chuvosa, os municípios do Cariri costumam ser os mais beneficiados com as chuvas. A média histórica da região começa a crescer a partir de novembro. Já neste mês de dezembro ,com 68 milímetros, ela já é a maior do estado por influência dos sistemas frontais que chegam no sul do Nordeste como a ZCAS e a ZCOU.