Após repercussão, Xandoca, aluno autista de Jaguaribe, recebe doações para seguir desenhando

O acadêmico conhecido como Xandoca, conquistou admiradores após mostrar sua arte, que representa o cotidiano da cidade de Jaguaribe, onde vive

Em pouco tempo, Alexandre Rodrigues, 17, estudante diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista, do Instituto Federal do Ceará (IFCE) em Jaguaribe, viu sua arte ultrapassar as fronteiras do Município onde vive e inspirar centenas de outras pessoas. Após repercussão ao divulgar pela primeira vez suas produções representando Jaguaribe, Xandoca - como assina suas obras -, recebeu doações de materiais de pintura para continuar desenvolvendo o que faz de melhor.

"Agradeço pelo bilhete e pelos livros que me mandaram. Ela (a doadora) criou um potencial em mim e acredito que posso fazer uma arte belíssima com o material que ela me deu", conta Xandoca, após receber os mais novos equipamentos de trabalho.

A doadora entrou em contato com a reportagem do Sistema Verdes Mares ainda em julho, quando a história de Alexandre foi publicada, buscando saber como ajudar. "Tenho uma sobrinha que é autista e deficiente visual. Ela não teve muito como ter um desenvolvimento como o Alexandre. Por isso, a história dele me chamou tanto a atenção", disse a mulher, que pediu anonimato. "Tenho alguns itens de desenho e pintura que gostaria de doar ao Alexandre", ressaltou, à época.

"No início da minha adolescência, gostava muito de desenhar. Meu pai, muito empolgado pelo meu talento, correu para me inscrever em um curso de pintura e desenho da pequena cidade onde morávamos, no interior de Minas Gerais. Hoje, após algumas décadas e com o tempo mais livre devido a aposentadoria, me dedico a fazer artesanatos, mas muito raramente". 

Os objetos pessoais, alguns materiais ainda novos, outros pouco usados, chegaram nesta semana a casa de Xandoca. Jocasta Diellya, irmã e responsável pelo jovem, foi buscá-los ontem (3).

Conheça a história

Abandonado pela mãe ainda quando criança, Alexandre foi criado pelo pai, em Nova Floresta, distrito de Jaguaribe, durante toda a infância. Em 2020, a irmã, Jocasta, decidiu levá-lo para Jaguaribe, onde mora. A partir disso, o irmão encontrou um espaço para desenvolver habilidades que já carregava desde pequeno. Jocasta lembra que Xandoca já pintava muito bem desde pequeno e, observando uma das tias, também desenvolveu o gosto pelo crochê.

Atualmente, ele está matriculado no curso técnico em Informática para Internet, no IFCE Campus Jaguaribe, e passou a fazer parte do Núcleo Audiovisual de Jaguaribe (Naja), coordenado pelo professor de Sociologia, Marcos Vieira. O docente foi o responsável por incentivar Alexandre a finalmente tomar coragem para divulgar suas produções. A partir de um vídeo, divulgado nas redes sociais no Naja, a história ganhou o mundo. 

"Essa experiência está sendo muito rica porque o talento dele tem muito a ganhar. A partir da edição do vídeo e da publicação da matéria, houve muita visibilidade. Quem sabe, a partir disso, poderemos ajudar outros que têm também necessidades especiais e podem ter na arte uma alternativa. Não só no IFCE, como no município de Jaguaribe", comemora Vieira.

Uma campanha virtual está sendo idealizada para arrecadar fundos e poder, com isso, auxiliar outras pessoas que, assim como Xandoca, têm muito a mostrar.