Capacidade de criar, produzir ou inventar coisas novas. Habilidade de transformar situações e inovar no modo de agir. Curiosidade natural. Olhar as coisas de forma diferente buscando oportunidades. Todas essas são definições e sinônimos possíveis para a palavra criatividade. Mas de que forma esse conceito pode ser aplicado ao ambiente de trabalho? Isso é uma responsabilidade apenas dos gestores ou os colaboradores das empresas também podem exercitar esse atributo? Para responder a essas e outras perguntas, entrevistamos Jean Sigel (foto abaixo), Diretor fundador da Escola de Criatividade, sediada em Curitiba, que nos conta detalhes de como tornar os processos corporativos mais criativos e interessantes.
Potencial humano
"O maior risco, nesses tempos mutantes e tecnológicos, é o profissional achar que é suficiente ser apenas produtivo e cumpridor de metas, e que a criatividade nada tem a ver com seu trabalho." Dessa maneira Jean Sigel, Diretor da Escola da Criatividade, resume a importância da criatividade no ambiente de trabalho. Lidando com o assunto há dez anos, Jean Siegel iniciou a Escola de Criatividade, em Curitiba, com o propósito maior de "acreditar no potencial humano de criar e de essencialmente apoiar empresas e organizações dos mais diferentes níveis e perfis a inovar a partir de capacidades criativas de seu principal capital, o capital humano", como ele mesmo explica.
Na época, ele teve a parceria do publicitário Eloi Zanetti, e hoje conta com Livia Kohiyama, Guilherme Fernandes e Richard Rebelo para administrar a empresa, que oferece cursos, palestras, eventos criativos e oficinas voltados para o mundo corporativo, utilizando a metodologia Hábitos Criativos. O trabalho tem trazido resultados para empresas de grande porte e órgãos públicos no país.
Na entrevista a seguir, Jean Sigel conta mais detalhes das ações realizadas pela Escola de Criatividade e a importância da criatividade para o sucesso de companhias e profissionais.
Diário do Nordeste: De que forma a criatividade pode contribuir para o ambiente de trabalho?
Jean Sigel: A criatividade é um dos elementos mais importantes para a humanidade. Por causa dela, aliada ao pensamento, evoluímos como seres humanos pois criamos ferramentas, estratégias, adaptações e invenções que revolucionaram. Em algum momento da história achamos que o pensamento lógico e racional apenas deveria fazer parte das organizações para que fossem mais produtivas e eficientes. E infelizmente, criamos sistemas de ensino que privilegiavam a produção e deixavam de lado a criação. A criatividade move as pessoas, desequilibra e permite que as ideias circulem. Todos querem fazer parte de um ambiente onde há fluidez de ideias, possibilidades e novas oportunidades.
De que forma os gestores podem proporcionar ambientes mais criativos para os funcionários?
Em uma organização que quer inovar, o papel da liderança é essencial. Portanto, gestores e líderes que permitem colaboração, estimulam talentos, estão abertos para feedbacks, assimilam críticas e dão autonomia para novas ideias e mais lideranças, são cruciais para desenvolver cultura de inovação verdadeira nas organizações. Quando falamos em ambiente mais criativo, o primeiro passo é criar ambiente de confiança. E isso vem da liderança. Ou seja, de nada adianta uma organização que se diz inovadora, cria espaços bonitos, salas de relaxamento, mas que no final os gestores e os líderes centralizam decisões e ideias, não permitem críticas e julgam mudanças. Gestores precisam criar ambientes que gerem confiança e autonomia, com responsabilidade e colaboração.
Por outro lado, de que forma os colaboradores podem ser mais criativos?
Quando os líderes estimulam, dão autonomia e confiança, o profissional deve ter atitude de realização e mostrar que é parte do processo de inovação da empresa. Atitude quase empreendedora, onde não espera apenas ordens e processos, mas se coloca à disposição para melhorias, ideias e mudanças. Que se tornam líderes colaborativos de seus setores e áreas. Muitas vezes, a liderança faz sua parte, mas os funcionários esperam pelas decisões e não tomam iniciativa. A dica é que cada funcionário perceba o que mais poderia desenvolver além do que já sabe. Que outros talentos poderia dar vazão e que podem ser úteis para a empresa. São preciosas atitudes que podem significar a diferença entre um funcionário criativo e versátil, de um que vai aos poucos se fossilizando em um mercado que exige transformação o tempo todo.
No mercado de trabalho na atualidade, qual é a importância de o profissional ser criativo?
O maior risco, nesses tempos mutantes e tecnológicos, é o profissional achar que seja suficiente ser apenas produtivo e cumpridor de metas, e que a criatividade nada tem a ver com seu trabalho. É preciso que os profissionais tenham atitude criativa independente de sua área de formação ou expertise. Essa já é a exigência de empresas inovadoras pelo mundo. Em uma pesquisa pela IBM de 60 países e dos mais diferentes setores da economia, CEOs identificaram a criatividade como a competência número um para os profissionais. As pessoas equivocadamente relacionam a criatividade apenas às artes, ao design, ao marketing, à comunicação ou à liderança. Mas engenheiros, advogados, especialistas em finanças, logística ou qualquer área devem também fazer parte do processo e ter atitude criativa em suas áreas, conforme regras e metas, para que contribuam com a inovação da empresa. O profissional apenas especialista, e que não seja um aprendiz constante, não se comunique bem e não tenha atitude criativa, perderá espaço rapidamente.
Então a Escola de Criatividade ensina que a criatividade se aplica a todo ramo profissional?
Fundamos a Escola de Criatividade em 2009. Eu trabalhava como consultor em marketing e inovação e vinha de vários eventos, com o Fórum Econômico Mundial em Davos e América Latina. E a empresa surgiu de uma inquietude minha pois via que somos um país com enorme potencial humano em diversas áreas, mas pouco inovador. As empresas precisavam tratar criatividade aplicada, antes de tratar inovação. Criatividade é parte da natureza humana. Nascemos criativos e com talentos diversos. Não é um dom exclusivo de algumas pessoas. Talvez esse seja um dos grandes mitos e bloqueios da criatividade, pois se não nos consideramos criativos, deixamos de acreditar em nosso potencial. Não à toa as crianças são extremamente criativas, porque não têm medo de explorar o mundo, imaginar, fazer perguntas, expor sua curiosidade. Inovação não é mais discurso, é necessidade, sobrevivência. Diante de um mundo veloz e automatizado, com mudanças em todas as áreas profissionais, é muito importante que cada um perceba seu poder criativo, mas também o dever de criar, pois se não sua relevância no mercado de trabalho estará ameaçada.
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